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Diversidade e dinamismo no estímulo para potenciais empreendedores

Rose Mary Lopes

Colunista do UOL, em São Paulo

17/10/2014 06h00

Só nestes últimos dias estive envolvida em dois eventos de naturezas distintas que pretendem estimular o empreendedorismo e potenciais empreendedores no Brasil. Um deles foi um desafio de negócios sociais focado em educação, que convidou universitários e alunos do ensino médio a pensarem em oportunidades de transformar problemas em negócios que os solucionassem.

O ESPM-ICE Social Business Challenge, evento aberto e que procurou contextualizar o que são negócios sociais, propôs que os jovens pensassem no tipo de impacto que a solução poderia ter. Reforçou-se que há como melhorar a vida das pessoas, ou até transformá-las, ao oferecer soluções acessíveis, principalmente pelo baixo custo, mas com qualidade, gerando sustentabilidade, segundo Marcus Nakagawa, da ESPM, sócio da iSetor e presidente da Abraps (Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade).

Além disto, neste desafio, Flavia Goulart, da Fundação Lemann, mostrou dados e resultados da educação no Brasil, revelando os desafios e a necessidade mais do que urgente de acelerarmos a sua melhoria, pois nossos jovens estão despreparados em termos das habilidades complexas requeridas pela sociedade do conhecimento.

Os jovens que participaram do desafio se inspiraram em outros jovens que já arregaçaram as mangas e criaram soluções, com auxílio de tecnologia, para apontar os pontos fracos na formação do aluno, recomendando um plano para saná-las. É o caso da Geekie, representada pelo sócio-fundador Eduardo Bontempo.

Com respeito à capacitação em inglês, Caio Vinícius Silva Braz, da Backpacker, oferece um jogo que simula uma viagem, entre outros recursos, para que a pessoa possa aprender o idioma. Mas, nem tudo foi inspiração. Os jovens também receberam instrumentalização para poderem propor suas ideias depois.

Os participantes contaram com a ajuda de mentores com diversas experiências e bagagens, que, gratuitamente, se dispuseram a ajudar as equipes a pensar no problema escolhido, configurar alternativas de solução e buscar um modelo de negócios viável. Deste modo, os jovens puderam se preparar para mostrar suas soluções perante uma banca de profissionais que os questionou e indicou pontos de melhoria.

Desculpo-me aqui por não conseguir nominar todos os que ajudaram a fazer este evento, mas isto pode ser facilmente remediado se o leitor buscá-lo pelo nome. Vai, deste modo, encontrar todo o elenco de azes que o compuseram, além dos parceiros.

O importante é que os jovens que participaram, além de concorrer e ganhar prêmios como dois notebooks e diversos tablets, tiveram a possibilidade de levar adiante seus projetos por meio da incubadora da ESPM.

Certamente, todos os participantes ganharam muito em conhecimento e experiência e mostraram-se muito entusiasmados pelo fato de terem aprendido tanto em tão pouco tempo. Perceberam que têm capacidade para criar e tornar real uma solução, com potencial de negócio, movidos por uma causa social. E, este sentimento de autoeficácia não tem preço!

Eventos desta natureza ocorrem em diversos pontos do Brasil, com diferentes propostas, formatos e duração. Se o jovem tiver interesse, curiosidade e disposição, poderá se beneficiar muito destas experiências, podendo descobrir muito a respeito de seu potencial empreendedor.

Outro evento foi a Rodada de Educação Empreendedora 2014 (REE 2014). A quinta edição foi organizada pela Endeavor, organização que se dedica a estimular o empreendedorismo de alto impacto, e apoiada pelo Sebrae, que se dedica aos pequenos empreendedores brasileiros. O público-alvo deste evento são os professores, facilitadores e todos os interessados em estimular o empreendedorismo por meio da educação.

Pessoas de todo o país podem conviver durante três dias, conhecendo-se, trocando experiências, e sendo expostas ao que de melhor existe entre nós. Há atividades como o Connects, que permite que os professores mostrem as suas soluções e promovam o intercâmbio das melhores práticas de Educação Empreendedora (EE).

Aliás, promove-se um prêmio de EE Brasil. Neste ano, foram selecionadas três soluções que abrangeram a inserção de mentoria em disciplina de empreendedorismo (professor Marcos Hashimoto), evento de fomento ao empreendedorismo tecnológico organizado pela professora Juliana Caminha, do Centro de Empreendedorismo da Unifei, e as atividades geradas pela Agência Inova da Unicamp, apresentadas pela Vanessa Sensato Russano.

Os participantes são também expostos às melhores práticas no exterior. Desta vez, a professora Audrey Iffert, da Arizona State University, mostrou como promovem a cultura empreendedora, e Pradeep Khanna, da Universidade de Illinois, descortinou como esta universidade não brinca em serviço quando se refere a atrair investimentos, sobretudo das grandes corporações.

Estas e diversas outras atividades e oficinas permitem que, rapidamente, os participantes se inteirem do que de melhor está sendo praticado e, alimentado por estas experiências e tendo ampliado suas redes de contato, voltem às suas instituições motivados para melhorar e ampliar as maneiras de provocar e incentivar seus alunos para se comportarem de forma empreendedora em quaisquer contextos.