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Setor de drogarias e farmácias é promissor, mas concorrência dificulta

Setor de drogarias e farmácias apresenta oportunidades para novos empresários - Creative Commons
Setor de drogarias e farmácias apresenta oportunidades para novos empresários Imagem: Creative Commons

Colunista do UOL

29/05/2015 06h00

Observo que, atualmente, os alunos de diversos cursos universitários tendem a apontar oportunidades em áreas como negócios de e-commerce, aplicativos, marketplaces, ou de alimentos (bares, restaurantes, deliveries, food trucks, orgânicos), de confecção, de bebidas, de academias de ginástica etc.

E, surpreendi-me com o fato de que alunos americanos participantes de desafios de empreendedorismo no Brasil sugeriram ideias –alimentos, sorvetes e bebidas– que confluíam para este mesmo tipo de repertório, talvez pelo desconhecimento da cultura e ambiente brasileiros e baseando-se em imagens clichês.

Assim, preocupo-me com a possibilidade de ampliar o repertório de nossos jovens para que entre no seus radares de possibilidades outros tipos de negócios. Muitas vezes, parece-me que nem as percebem, mesmo que deles se utilizem com frequência.

Focalizemos o setor de drogarias que, em inglês, são as "drugstores". No Brasil, popularmente as chamamos de farmácias. Mas a diferença é que as farmácias, além de comercializar drogas, podem manipular fórmulas.

Trata-se de um setor que tem crescido muito nos últimos anos no Brasil. Só em 2013, foram abertas 334 lojas para competir num mercado bilionário: R$ 28 bilhões naquele ano. Há críticas de que o brasileiro se automedique muito, e que isto estaria contribuindo também para estes resultados.

De fato, as farmácias colocam à disposição dos clientes, além dos medicamentos controlados, genéricos e similares, os MIPs (Medicamentos com Isenção de Prescrição). Esses remédios totalizam 21% das vendas. Os genéricos também aumentaram a sua participação e já atingem 18%.

Entretanto, há argumentos no sentido de que os MIPs são medicamentos seguros, que não se justificaria que a pessoa buscasse um médico para prescrever um deles para aliviar, por exemplo, a acidez ou uma dor de cabeça.

Neste cenário, em 2013, o Conselho Federal de Farmácia aprovou que farmacêuticos possam prescrever medicamentos dispensados de indicação por médicos. Isto adicionou legalidade e maior segurança para a população, que pode ser auxiliada por profissional especializado na orientação em problemas e mal-estares de menor risco e gravidade.

Outro aspecto deste negócio é a venda de produtos de conveniência, responsáveis por 33% das vendas. Entretanto, a possibilidade de venderem um espectro maior de produtos foi alvo de muitas ações e debates judiciais que se aclararam em agosto de 2014.

O Supremo Tribunal Federal julgou que as drogarias podem, sim, vender produtos de conveniência. Ou seja, agora se tem um cenário legal claro que vai revolucionar o setor, permitindo que se aproxime do modelo que se tem das "drugstores" norte-americanas em que a variedade de produtos é gigantesca.

Deste modo, os produtos de conveniência poderão contribuir com muito mais do que os 33% do faturamento médio atual. Contudo, para ampliar o mix de produtos de conveniência a loja precisará de mais área física e, consequentemente, será mais cara.

É um negócio que demanda bastante capital por conta de estoques. É um setor difícil para os pequenos empreenderem. Mesmo que as farmácias independentes somem mais de 56 mil unidades, elas faturam apenas 45% do setor. As 12 mil que pertencem às redes faturam 65% e operam com a estratégia de preços menores favorecendo volume e giro.

As redes têm obtido margens de 6% a 8%. Assim, muitas aquisições e fusões têm acontecido –como as da Droga Raia e Drogasil, e da Drogaria São Paulo com a Drogaria Pacheco. E atraiu grandes multinacionais como a CVS norte-americana, dona da drogaria Onofre. Isto fortalece os maiores players do mercado.

Por outro lado, a Ultrafarma, do empreendedor Sidney Oliveira, se posicionou, sobretudo, na venda de genéricos, principalmente por meios eletrônicos, fidelizando um público idoso, majoritariamente feminino. E, tem alavancado produtos com marca própria.

Assim, para os pequenos empreendedores e farmácias independentes um caminho é a associação para poderem negociar volumes maiores de medicamentos por preços menores. Pois, mesmo com a possibilidade de ampliarem a participação do faturamento de produtos de conveniência, o grande atrativo para os clientes ainda são os remédios.