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Tuk-tuks ou triciclos são alternativas para empreendedores no turismo e no transporte

Rose Mary Lopes

Colunista do UOL

14/08/2015 06h00

A mudança sempre vem, agradando a alguns e incomodando a outros. Os tuk-tuks, assim nomeados pelo barulho característico de seu motor de dois tempos, são triciclos montados para transporte de passageiros ou até de pequenas cargas, que estão se disseminado pelo mundo.

Extremamente populares em países asiáticos, recebem diversos nomes como: triciclo, mototáxi, baby taxi, auto rickshaw, tempo, samosa, bajaj (na Indonéisa e Índia) e Maruwa ou Napep (na Nigéria). São uma evolução motorizada dos riquixás puxados por pessoas ou dos ciclo-riquixás (montados em bicicletas).

Onde surgiram? Há referências de que o inventor da Vespa (uma scooter), o designer de aeronaves Corradino D`Ascanio, contemplando as necessidades após a Segunda Guerra Mundial na Itália, onde as pessoas não tinham dinheiro mas precisavam de transporte, desenhou um modelo de veículo comercial de três rodas.

Seu projeto foi encampado por Enrico Piaggi, que, com seu irmão, tinham a fábrica de motos Vespa. O triciclo foi batizado de Ape (abelhas em italiano) e ficaram conhecidas como Piaggio Ape. Aliás, muitos modelos foram concebidos tanto para transporte de carga quanto de pessoas.

E, na Itália, sua produção foi contínua desde 1948 até 2013, quando a produção das Apes, que também já eram manufaturadas na Índia pela Piaggio India, passou a ser feita apenas neste país.

Mas, também os japoneses ajudaram a disseminar este tipo de veículo nos países asiáticos. A partir de 1947 a Daihatsu iniciou a produção de pequenos veículos de três rodas, cabine sem porta, assento único e roda de direção. Estes veículos Midget evoluíram para diversos modelos.

A partir de 1957, a Daihatsu vendeu kits destes veículos para serem montados em países asiáticos. A produção começou em 1959 na Tailândia. Refere-se que desde muito antes a Tailândia já comprava os triciclos do Japão.

Disseminou-se também para Paquistão e Indonésia. Os tuk tuks são encontrados no Camboja, no Vietnã. Trata-se de veículo que pode ser facilmente adaptado para diversos usos: transporte em plantas industriais de aeronaves, em campos de golfe, em aeroportos etc.

Na Europa já circulam em Portugal, principalmente em Lisboa, Porto e Algarve, com ampla aceitação pelos turistas (para reclamo dos taxistas!). Aliás, até na Ilha da Madeira, em Funchal, eles circulam levando os turistas para conhecer os atrativos da Ilha. Na Inglaterra circulam em Brighton.

O revendedor Global Tuk Tuk se gaba de ser o único que venderia os tuk-tuks originais de Bangok, mas montados na Alemanha seguindo todas as normas ambientais e de segurança requeridas pela União Européia. Com oito modelos à disposição, a gasolina ou elétricos, e com opções com dois bancos de passageiros.

Há fábrica de tuk-tuks na Holanda – a Tuk Tuk Factory – que recentemente fez um acordo de licenciamento para que seu modelo elétrico (não poluente) seja produzido em Denver, pela eTuk USA.

No Brasil os triciclos são produzidos pela Motocar, empresa brasileira, na Zona Franca de Manaus. Há três modelos: dois para transporte de carga e um com cabine para passageiros. O processo de desenvolvimento e de homologação pelo Ibama e Denatran foi longo – de 2009 a 2013. Agora a empresa está estendendo sua rede de concessionárias no país.

Em Belo Horizonte já se encontra a Tuk Tour, empresa de empreendedor local que teria trazido a ideia de empreendedor de Portugal. Operando há poucos meses com alguns tuk-tuks, oferece passeios turísticos. Experimentei um deles, com o condutor Caetano, em final de julho, numa experiência fantástica.

Por onde passamos as pessoas se surpreendiam, apontavam para nós e nos semáforos os motoristas, até os taxistas conversavam conosco. Nas paradas em pontos turísticos, vários interessados no passeio surgiam. Com intensos sinais de aprovação.

Os tuk-tuks já circulam como alternativa de transporte de pessoas em Araçatuba (SP) e também no interior da Paraíba. Configuram uma possibilidade de negócio de baixo investimento para transporte de pessoas, como táxi ou para passeios turísticos, e para transporte de cargas. Muito adequado para os tempos de crise econômica que vivemos!