IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

De vaca a porco, minianimais atraem criador com pouco espaço e viram 'pets'

Renata Tavares

Do UOL, em Uberlândia (MG)

09/09/2013 06h00

Vaquinhas que, apesar do tamanho reduzido, são ótimas produtoras de leite. Além delas, também jumentos, pôneis, burros e um búfalo albino -- todos com menos de um metro de altura --, e porquinhos do porte de um cachorro beagle. Esse é o principal negócio da fazenda de Dario Fagundes da Costa Filho: os minianimais.

A propriedade, o Rancho dos Ypês, de Uberlândia (MG), reúne cerca de 300 animais de menor tamanho do que os exemplares convencionais.

Minianimais em Uberlândia (MG)

Eles são úteis para criadores que têm pouco espaço, por exemplo, mas também podem virar atração para crianças e até animais de estimação.

Uma vaca comum, em média, pesa mais de 150 quilos e tem 1,20 metro de altura. Já as da fazenda de Costa Filho medem 80 centímetros e pesam menos de 100 quilos.

"Ela pode produzir até 20 litros de leite por dia e come 70% menos do que uma vaca comum. É mais econômica", afirma o criador. Na média, as minivacas da fazenda têm produção diária de 12 litros de leite.

Um de seus maiores sucessos de vendas são os miniporcos,  ou “minipigs”. Quando adultos, eles têm o porte de um cachorro da raça beagle.

De origem asiática, os porquinhos passaram por um processo de seleção na fazenda, procurando-se acasalar sempre os menores exemplares.

“Muita gente trata o 'minipig' como se fosse um 'pet' mesmo. Há  trabalhos feitos com o animal em hospitais, para recuperação de crianças doentes”, diz Costa Filho.

Bichos custam a partir de R$ 1.000

De acordo com o criador, são reproduzidos e vendidos 200 miniporcos por ano. Cada um é vendido por a partir de R$ 1.000.

Os minibúfalos e minijumentos podem custar de R$ 6.000 a R$ 10 mil cada um. Já uma minicabra é vendida por R$ 2.500, e um minipônei, por R$ 3.000.

Minianimais são saudáveis, mas requerem cuidados na reprodução

O produtor afirma que a baixa estatura de seus animais não é causada por problemas de desenvolvimento. "Eles não têm nanismo. Têm as medidas proporcionais, são saudáveis e produtivos", diz.

Os minianimais são saudáveis e normais, de acordo com a veterinária Eloísa Costa. O único cuidado a ser tomado é com a reprodução, por causa de seu tamanho reduzido.

“Por serem pequenos, é preciso avaliar o tamanho do animal com o qual vai ser cruzado. Por terem os órgãos reprodutores menores, a gestação pode ser de risco”, disse.

Negócio começou com vaquinha trazida da Índia

Costa Filho começou a criação de minianimais em 1959, quando recebeu na fazenda uma vaquinha zebu (tipo de gado que tem uma corcova atrás da cabeça), importada da Índia.

“Ela era bem menor do que as outras, conhecida como puganor. A partir dela, comecei a fazer o melhoramento genético da raça dentro da fazenda e comercializava na região. Com o passar dos anos, fiz com as outras espécies também”, diz.

A ideia de produzir esses animais, segundo Dario Costa Filho, surgiu para atender pequenos produtores da região que não tinham espaço nas propriedades para grandes animais. 

Produtor criou uma nova raça de gado, a Mini Udi

O melhoramento genético feito nas pequenas vacas nos últimos 50 anos deu origem a uma nova raça, batizada pelo proprietário como Mini Udi --Udi é a abreviação de Uberlândia.

“Eu quero que ela leve o nome da nossa cidade”, afirma Dario da Costa Filho.

As vaquinhas e boizinhos, segundo ele, são enviados para várias cidades do país e do exterior. Por ano, são comercializados 200 animais, afirma.

Criador avalia temperamento dos animais 

A propriedade de Costa Filho recebeu novos moradores há duas semanas: dois minibezerros gêmeos. Para produzir os animais, o produtor fez a transferência de embriões para uma vaca de tamanho normal, usando-a como “barriga de aluguel”. “Foi um procedimento novo que adotamos para criar esses animais”.

A reprodução de todos os animais é feita sob os cuidados do proprietário. Ele afirma que os exemplares são produzidos com rigor.

“Nós precisamos escolher as matrizes com cuidado; também é avaliado o temperamento de cada animal, já que o de pequeno porte precisa ser mais dócil”, disse, já que em muitos casos eles convivem com crianças.