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Safra brasileira recorde puxa aumento de 61% nas vendas de colheitadeiras

André Cabette Fábio

Do UOL, em São Paulo

17/09/2013 06h00

A safra recorde de 2012/2013, estimada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 187,09 milhões de toneladas de grãos, deu origem a um salto nas vendas de máquinas agrícolas. O melhor desempenho foi no segmento de colheitadeiras, utilizadas na colheita dos grãos. Neste ano, até agosto, foram vendidas quase 5.000 unidades, contra 3.093 no mesmo período de 2012, aumento de 61,4%, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos).

Em tratores, o avanço entre um período e outro foi de 24,2%, chegando a quase 45 mil máquinas neste ano. De acordo com a Anfavea, as vendas totais de máquinas agrícolas, incluindo outros tipos de modelos, cresceram 26,4% no Brasil.

Falta de trabalhadores no campo, linhas de financiamento específicas para a compra de equipamentos -como a linha Finame Agrícola, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)- e maior número de colheitas num mesmo ano também ajudam a explicar o fenômeno.

Redução da safra americana valorizou produtos brasileiros

Uma das principais montadoras de máquinas agrícolas no Brasil, a New Holland, que tem fábricas em Sorocaba (SP) e Curitiba (PR), estima que, entre 2012 e 2013, suas vendas de tratores devam crescer de 12 mil para 18 mil unidades, e as de colheitadeiras de grãos, de 3.000 para 4.500. 

"Esse resultado já vem do ano passado, em função da quebra da safra nos EUA [que valorizou os produtos brasileiros] e das taxas da linha Finame do BNDES, que desde o final de 2012 caíram para 2,5% ao ano. Mesmo a agricultura familiar usa esse financiamento", afirma o diretor comercial da New Holland, Luiz Feijó.

O dinheiro do governo facilita a compra de máquinas, que podem custar perto de R$ 1 milhão. A Agco, que responde pelas marcas Massey Ferguson e Valtra, informa que seus tratores têm preço entre R$ 50 mil e R$ 500 mil; os pulverizadores, utilizados para aplicações de agrotóxicos e outros produtos, de R$ 500 mil a R$ 600 mil; e as colheitadeiras, de R$ 300 mil a R$ 900 mil. A empresa tem fabricas em Mogi das Cruzes (SP), Canoas (RS), Ibirubá (RS) e Santa Rosa (RS).

O diretor comercial da fabricante de máquinas agrícolas John Deere, Rodrigo Junqueira, revela que só neste ano a empresa já vendeu 9,58 mil tratores e 1.997 colheitadeiras, 25,65% a mais que em 2012 inteiro. A multinacional tem buscado aumentar a linha produzida no Brasil para que suas máquinas possam ser compradas com financiamento do BNDES -equipamentos importados não podem ser adquiridos pela linha agrícola oferecida pelo banco.

No ano passado, o pulverizador 4730 da John Deere entrou para a linha de produção nacional; agora, o plano é que também o trator 8260R passe a ser produzido no país até o final do ano, com um investimento de US$ 40 milhões na fábrica da empresa em Montenegro (RS). A John Deere também tem fábricas em Horizontina (RS), Catalão (GO) e Uberlândia (MG).

Máquinas ganham potência para aumentar produtividade

Segundo Feijó, da New Holland, agricultores em busca de maior produtividade e com dificuldade em encontrar trabalhadores no campo têm procurado máquinas com mais potência mesmo em Estados como Rio Grande do Sul e Paraná, onde as propriedades rurais não são extensas, na média.

O gerente de marketing da Agco, Rafael Costa, afirma que a potência média das máquinas no país saltou de 94 cavalos em 2008 para 108 cavalos em 2012.

"Em 2008 nem se falava de tratores acima de 300 cavalos. Este ano, 1,8% já tem uma potência maior que isso", afirma Costa.

Para Feijó, com o aumento de safras numa mesma fazenda -como a de milho, que pode ser cultivado duas vezes ao ano-, máquinas mais produtivas e em bom estado são necessárias para preparar o terreno, plantar e colher rapidamente entre uma safra e outra.

Fora a potência, a grande mudança do segmento está em sistemas de monitoramento e controle das máquinas, que hoje usam sensores, GPS, internet e aplicativos de tablets e celulares para auxiliar o plantio e a colheita e transmitir informações à distância, como a posição da máquina na fazenda e seu rendimento.

Segundo Rafael Costa, da Agco, 15% das máquinas vendidas pela empresa eram equipadas com piloto automático em 2012; neste ano, o índice deve chegar a 25%, e, no ano que vem, 60% das máquinas devem receber essa tecnologia.