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Fazer parte da 'panelinha' é importante para ser promovido na empresa?

Marcos Inoue/UOL
Imagem: Marcos Inoue/UOL

Daniela do Lago

18/02/2017 04h00

Você já se sentiu prejudicado numa promoção na empresa? Aquela vaga especial tinha tudo para ser sua, mas, na "hora H", o escolhido foi outra pessoa, que nem tinha as competências necessárias para o cargo, mas fazia parte da panelinha do chefe.

É fato que, na escalada para o topo da pirâmide na empresa, há profissionais que extrapolam nos relacionamentos e se especializam na formação de "panelas corporativas" de todos os tipos, que têm capacidades de cozinhar alianças que apoiarão seus propósitos, ou até fritar quem estiver atrapalhando o caminho.

É importante ressaltar que, a medida que seu nível hierárquico sobe na empresa, menos as habilidades técnicas se fazem valer. São as comportamentais que ditam as regras do jogo corporativo. Relacionar-se bem é crucial para seu sucesso na escalada profissional.

Mas o artigo de hoje é destinado para a maioria dos trabalhadores que não ocupam altos cargos na empresa, para aqueles que carregam o piano e ralam muito para atingir resultados que lhes são propostos e ficam se perguntando: será que posso crescer na empresa sem fazer parte da panelinha? A resposta é: depende da empresa em que está trabalhando!

Desculpe se decepcionei, mas as empresas são diferentes e, assim como existem empresas que escolhem suas promoções com base na meritocracia e em resultados, existem aquelas que escolhem os "queridinhos da panela".

Como saber se na minha empresa a panelinha é importante?

Uma dica importante é checar se na sua empresa existe alguma avaliação por desempenho, qualquer ferramenta que comprove seus resultados. Se não existe nenhuma ferramenta para medir seu trabalho, então, saiba que na sua empresa o que prevalece nas decisões são as competências interpessoais. Por exemplo, nossa capacidade de trabalhar em equipe, de influenciar, negociar, ouvir, usar de tato e empatia. Bem como as competências intrapessoais, como o controle emocional, a capacidade de criar e inovar, o respeito a regras. Esses são alguns dos critérios para conseguir subir na hierarquia.

Nesse caso, fica complicado conseguir qualquer promoção na empresa se baseando nos resultados que alcança, pois não são apenas as competências técnicas e funcionais relacionadas aos negócios que são importantes.

Sou a favor da meritocracia, porque ao comprovar resultados, as promoções ficam transparentes. Porém, num país como o Brasil, em que as relações muitas vezes são mais importantes que a própria competência, nem sempre quem trabalha mais será recompensado. Então, para ser promovido, você terá que desenvolver essas habilidades inter e intrapessoais.

Se relacionar bem é muito importante, mas pautar sua carreira e ascensão profissional somente nos relacionamentos pode ser perigoso, pois seu crescimento não se sustenta a longo prazo.

Não confunda bom relacionamento com amizade

Se relacionar bem indica respeitar o próximo com suas diferenças. Existe uma confusão entre afinidade e amizade. A maioria dos profissionais tem afinidades no trabalho. Afinal, convivem mais de 10 horas todos os dias num mesmo ambiente.

Saiba que é muito raro construir amizade no trabalho. Se você conseguiu, considere-se um sortudo! Nós amamos nossos amigos porque os escolhemos, mas, na empresa, a maioria das pessoas não escolhe quem irá trabalhar ao seu lado. É aí que mora essa sutileza vital para o sucesso na empresa. Portanto, é possível se relacionar muito bem com aquele profissional de quem não gosta, de quem não seria amigo, pois o respeito deve prevalecer.

Não confunda bom relacionamento com 'puxa-saquismo'

O puxa-saco é aquele bajulador clássico no ambiente corporativo: classifica as pessoas por cargos, está sempre pronto a elogiar o chefe, de forma discreta ou escancaradamente, e se aproveita dessa prática para manter-se empregado.

É o politiqueiro, aquele que tende a concordar cegamente, esquecer dos princípios técnicos, profissionais e até lógicos, visando a ficar bem na foto ao lado dos detentores do poder sobre sua carreira. Uma omissão aqui, uma meia verdade ali, um elogio falso acolá e, de repente, essas pessoas acabam construindo suas carreiras com alicerce fraco e frágil.

Participar dos happy-hours e churrasquinhos aos finais de semana com colegas do trabalho significa que faço parte da panelinha?

As pessoas que, por afinidade, desenvolvem relações dentro do ambiente de trabalho que transcendem as paredes corporativas não podem ser confundidas com as "panelinhas".

O que recomendo é adotar nesses encontros sociais uma postura para se manter afastado de fofocas, julgamentos e condenações sem a presença do "réu". Procurar trazer outras perspectivas, baseadas em aspectos técnicos e factuais, é uma boa alternativa para minar a "fritada" alheia.

Afinal, qual a resposta?

Resta, ainda, a expectativa de uma resposta mais clara ao dilema: posso sobreviver nas organizações sem fazer parte de nenhuma panela? Ou: Que panela escolho para me proteger?

Não há resposta fácil a perguntas tão difíceis. Se não entram na panela, vão para a geladeira e, mais frequentemente, para a frigideira. Se entram, até podem conseguir bons resultados a curto prazo, mas é difícil se manter a longo prazo na carreira.

Panelinhas existirão em todos os lugares. Essa é a escolha que cada um deve fazer e, como todas as demais, ela traz ônus e bônus. Faça uma análise sobre o tipo de empresa em que está trabalhando e quais são as regras do jogo vigentes nela.

O que mantém qualquer profissional por mais tempo no jogo corporativo ainda é a comprovação de bons resultados. O que sempre prevalecerá serão seus princípios éticos, aliados às competências profissionais e à habilidade de relacionamento. Essa junção irá apoiar o crescimento de sua carreira no longo prazo.

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