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Você só pensa em trabalhar? Há algo errado com essa dedicação excessiva

Getty Images
Imagem: Getty Images

Daniela do Lago

05/10/2017 04h00

Diante das pressões do trabalho “sempre conectado” em que vivemos, algumas pessoas reagem passando cada momento da vida trabalhando ou pensando em trabalho. Não temos muito tempo para amigos, exercícios, alimentos saudáveis ou sono de qualidade. Não brincamos com nossos filhos nem mesmo os escutamos. Não ficamos em casa quando estamos doentes. Não reservamos tempo para conhecer pessoas no trabalho ou nos colocar no lugar delas antes de tirar conclusões.

Isso sem contar da culpa que sentimos quando estamos descansando num final de semana. Eu mesma me peguei sentindo culpa por estar “tranquila” num domingo, até achei que algo estava errado! Foi por isso que resolvi escrever esse artigo.

Há algo errado com essa “dedicação excessiva”! Isso tem que parar!

O trabalho excessivo nos leva para uma espiral de negatividade: mais trabalho causa mais estresse; o aumento do estresse faz com que diminua a velocidade do cérebro, comprometendo nossa inteligência emocional; e menos criatividade e habilidades para lidar com pessoas prejudica nossa capacidade de realização.

Ter muito trabalho e sentir-se responsável seduz porque é enaltecido em muitas empresas. De fato, Erin Reid, da Universidade de Boston, descobriu que algumas pessoas (especialmente homens) mentem sobre as horas de trabalho. Eles declaram trabalhar mais de 80 horas por semana –por achar que excesso de horas impressiona o chefe.

Vejo uma competição de colaboradores por quem trabalha mais!

Um diz que ficou trabalhando até depois do horário, outro até altas horas da noite, outro funcionário, para não ficar para trás, diz que o chefe ligou no final de semana, outro diz que está sem folga há mais de três semanas seguidas. E aqueles que não tiram férias há mais de cinco anos? Uma competição desnecessária visando qual objetivo?

Muitos funcionários sobrecarregados acham que trabalhar mais alivia o estresse, que se terminarem logo o projeto ou relatório, ou lerem todos os e-mails, a sensação de descontrole diminuirá. Mas, como você já sabe, o trabalho nunca termina.

Além disso, a obsessão pelo trabalho pode ser um reflexo de fantasmas internos, que nos ajudam a escapar de problemas pessoais. Isso acontece com muitos profissionais, que voltam para suas casas mais tarde do que deveriam e, mesmo em casa, não desgrudam do celular da empresa, achando que família não se incomoda. Muitos ainda acreditam que não têm “opção” e que sempre têm que estar disponível para a empresa.

Por que trabalhamos o tempo todo? Será que nossa ambição e desejo de vencer nos ajudam ou atrapalham?

Trabalho excessivo disfarçado de dedicação faz parte da vida de muitos profissionais que continuam a repetir esse comportamento, porque é fato que a carreira de muitos progride com esse comportamento. Mas a qual custo?

Empresas enxutas e mercado ultracompetitivos nos obrigam a fazer mais com menos. À medida que a tecnologia avança, passamos a executar tarefas que antes eram de outras pessoas. E para muitos que trabalham em fusos horários diferentes, chamadas internacionais bem cedo de manhã ou altas horas da noite viraram rotina. Isso não vai mudar, quem tem mudar é você!

Como sair dessa armadilha da hora extra ou do dever excessivo?

O passo principal é libertar-se! Isso implica desistir da crença equivocada de que estar ocupado é sinal de produtividade e sucesso. Stephen Covey, autor do livro "7 hábitos das pessoas altamente eficazes", já dizia que estar ocupado não significa estar sendo eficiente. Foque mais nos resultados alcançados e não na quantidade de horas trabalhadas.

O trabalho pode ser uma fonte real de satisfação, desde que você coloque os limites necessários para que não sinta que está doando mais do que recebe. Sua empresa sempre exigirá mais de todos os profissionais num curto espaço de tempo, portanto, cabe a você encontrar equilíbrio entre gerar bons resultados na empresa e dedicar-se as outras importantes áreas de sua vida. Pense a respeito.

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