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As pessoas precisam exatamente de 8 horas para completar seu trabalho?

Getty Images/iStockphoto/jj_voodoo
Imagem: Getty Images/iStockphoto/jj_voodoo

Daniela do Lago

16/12/2017 04h00

Sei que você provavelmente se sente como eu já me senti várias vezes: simplesmente não há horas suficientes no dia para fazermos tudo que gostaríamos. Essa é uma queixa recorrente de muitos profissionais.

Já se deram conta de como essa convenção de ficar, no mínimo, oito horas no trabalho é uma arbitrariedade? De onde vêm as típicas oito horas de trabalho?

A resposta está escondida na história da Revolução Industrial. No final do século 18, quando as empresas começaram a maximizar seus lucros, as fábricas funcionavam sem parar, em regime 24 por 7 (24 horas por dia, 7 dias por semana).

Naquela época, a jornada de trabalho era incrivelmente longa e insustentável. Até que um homem corajoso chamado Robert Owen começou uma campanha para que essas pessoas não trabalhassem mais que oito horas por dia. Seu slogan era "oito horas de trabalho, oito horas de lazer, oito horas de descanso".

Não demorou muito para que a montadora Ford, em 1914, implementasse, de fato, as oito horas diárias e mudasse os padrões de trabalho. Por isso, em nossa CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o regime vigente de trabalho está relacionado à Revolução Industrial.

Vivemos a era do conhecimento

Acontece que não estamos mais nessa época! Hoje vivenciamos a era do conhecimento.

Você não precisa de oito horas por dia para completar as tarefas e gerar resultados. Veja bem que estou me referindo a completar bem uma tarefa, cuidar de suas responsabilidades e cumprir suas metas com excelência.

Pode parecer piada, mas ainda existem muitos profissionais que eu chamo de "figurantes" nas empresas. Como nas novelas, são aqueles atores cujo papel não é relevante e estão lá para preencher a cena. São profissionais que fingem trabalhar, ficam embaralhando papéis das 8h às 17h, sempre andando de um lado para outro, geralmente falando ao celular, mostrando-se ocupados, mas não sabemos o que realmente fazem na empresa!

Se você atua numa empresa, gastar tempo com coisas inúteis não é (até certo ponto) culpa sua. Somos obrigados a ficar o dia inteiro naquela empresa para cumprir uma carga horária. Se você consegue finalizar suas tarefas num curto espaço de tempo, porque não pode ir embora e cuidar de sua vida?

Desperdiçamos tempo porque há muito tempo disponível! Muitos profissionais ficam criando atividades durante o dia para preencher esse tempo. Isso sem contar que muitos acabam fazendo o trabalho alheio.

O fato de ficarmos essas oito horas na empresa não significa que estejamos realmente trabalhando ou, melhor ainda, que estejamos sendo produtivos e gerando bons resultados. Já é comprovado cientificamente que, dessas oito horas no mínimo que ficamos na empresa, somente em três horas estamos sendo produtivos.

Ninguém ganha com isso! Sua empresa não ganha em resultado, e você não ganha nada ficando preso naquele lugar!

Nós, seres humanos, somos diferentes das máquinas. Na essência, isso significa que as máquinas funcionam de forma linear, e humanos se movem em ciclos. É errado afirmar que todos os profissionais estão na sua melhor hora de produtividade no período das 8h às 17h!

Eu, por exemplo, funciono melhor à noite, sou professora, dou aulas no período noturno para MBAs, prefiro escrever meus artigos em qualquer horário, exceto de manhã, período em que tenho mais dificuldade de concentração. Por isso, organizo meu dia de acordo com minha forma de produtividade. Consigo fazer isso porque tenho controle da minha agenda, mas não é a realidade da maioria dos profissionais desse país!

Como seria sua vida, se seu trabalho fosse medido pela entrega e resultado alcançado?

Trabalhar por resultado é bem complicado, porque as metas e prazos devem ser bem definidos, para que as coisas de fato aconteçam. Não dá para dizer que trabalha por resultado, e não entregar aquela tarefa dizendo que "foi por falta de tempo" ou "não deu pra fazer!". Vai exigir mais responsabilidade e, acima de tudo, disciplina!

Quantas horas, então, devemos trabalhar?

Ainda não temos essa resposta. O que sabemos e vivenciamos é que essa arbitrariedade de oito horas todos os dias no trabalho está ultrapassada e não garante resultados.

Será que essa estrutura de trabalho medido por resultados, e não por horas de trabalho, vai funcionar? E com você? O que pensa a respeito?

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