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Reinaldo Polito

Mensagem errada do corpo pode afundar projetos no trabalho; saiba evitar

14/06/2016 06h00

Se não ocorreu com você, pelo menos já deve ter ouvido dizer que um gerente ou diretor de determinada empresa elaborou com critério um projeto, mas não conseguiu aprová-lo. Entre outros motivos está sua deficiência oratória, demonstrada especialmente pela expressão corporal. Por que será que o corpo tem tanta influência?

Tão importante quanto saber que o corpo fala é entender também como e por que ele atua no nosso comportamento quando falamos em público

Não é novidade para ninguém que o corpo fala. Tão importante quanto saber que o corpo fala é entender também como e por que ele atua no nosso comportamento quando falamos em público. O filósofo inglês Anthony Giddens, na sua obra “Modernidade e Identidade” explica como essa condição se manifesta:

“A criança aprende sobre seu corpo principalmente em termos de seus encontros práticos com o mundo-objeto e com outras pessoas. A realidade é captada pela práxis do dia a dia. O corpo, assim, não é simplesmente uma ‘entidade’, mas é experimentado como um modo prático de enfrentar situações e eventos exteriores”.

Compreendida essa condição, fica mais simples entender agora sua conclusão:

“Expressões faciais e outros gestos fornecem o conteúdo fundamental dessa contextualidade que é a condição da comunicação cotidiana. Aprender a tornar-se um agente competente – capaz de se juntar aos outros em bases iguais na produção e reprodução de relações sociais - é ser capaz de exercer um monitoramento contínuo e bem-sucedido da face e do corpo”.

Quando um profissional não controla a expressão corporal, indica insegurança e falta de domínio. Se não tem domínio, não tem conhecimento, nem autoridade, nem credibilidade

Quando um profissional, diante de seus pares ou superiores hierárquicos, se mostra incapaz de controlar a expressão corporal, indicando pelas reações dos gestos e da face sua insegurança, demonstra falta de domínio sobre o que faz. A dedução lógica, e até inconsciente, é a de que se não tem domínio, não tem conhecimento. Se não tem conhecimento, não tem autoridade. Se não tem autoridade, não pode ter credibilidade.

Na obra “Inteligência e Persuasão”, Karlins e Abelson citam pesquisa realizada por D. W. Carment, G.D. Miles & Cervin.  Os resultados basearam-se na capacidade de persuadir e deixar-se persuadir. Consideraram a tendência de modificar ou não a maneira de pensar, depois de debaterem um tema com alguém que possua opinião contrária.

As chances de sucesso de alguém que se apresenta com essa “deficiência” se tornam mais limitadas ao apresentar projetos e propostas

O resultado foi que quanto mais inteligentes e extrovertidos, mais os indivíduos são persuasivos. Se a falta de domínio dos gestos, da postura e da comunicação do semblante pode ser interpretada como falta de domínio e de conhecimento sobre a matéria exposta, é evidente que as chances de sucesso de alguém que se apresenta com essa “deficiência” se tornam mais limitadas ao apresentar projetos e propostas.

Uma dica simples e imediata é que o profissional se apresente com o mesmo comportamento do dia a dia, quando conversa com amigos e familiares

A solução para quem fala em público é aprender a dominar a expressão corporal. A recomendação mais simples e imediata para se posicionar e gesticular bem é que o profissional leve para frente da plateia o mesmo comportamento que possui no dia a dia, quando conversa com amigos e familiares. Nada diferente.

Parece uma ironia. Quanto mais o profissional agir como se comporta naturalmente nas conversas do cotidiano, mais eficiente será em suas apresentações em circunstâncias formais. Se adotar esse comportamento espontâneo, sua expressão corporal atuará sem que ele fique preocupado se está gesticulando ou não.

Para dominar postura, gesticulação e expressão facial, além de agir com naturalidade, precisa conhecer o assunto profundamente

Para que tenha o domínio e o comando da postura, da gesticulação e da expressão facial, além de aprender a agir com naturalidade, precisará conhecer o assunto com a maior profundidade possível.

Ordenar o pensamento de forma lógica, com começo, meio e fim. Praticar bastante para ter experiência no uso da palavra em público. E ter consciência de seus aspectos positivos de comunicação.

Assim, devagar aprenderá a se posicionar com elegância e naturalidade, a gesticular de forma moderada, com os movimentos acompanhando bem o ritmo e a cadência da fala, a não se apresentar esfregando nervosamente as mãos, ou com elas nos bolsos, com os braços cruzados a frente do corpo, ou travados nas costas.

O profissional treinado aprende a não falar com a cabeça muito baixa, nem muito levantada, ou mirando o vazio, com o olhar perdido

Desenvolverá o hábito de não falar com a cabeça muito baixa, fugindo com os olhos, nem muito levantada, olhando por cima das pessoas, ou mirando o vazio, com o olhar perdido. Com a segurança adquirida, passará a olhar para todas as pessoas, fazendo boa análise das reações dos ouvintes e demonstrando que olha na direção deles.

A experiência mostra que as pessoas se surpreendem e se entusiasmam quando descobrem que com esses procedimentos até elementares podem fazer apresentações de ótima qualidade. Essa constatação dá a eles a segurança que precisam para falar bem em público, especialmente nas reuniões da empresa.

Com esse desembaraço e desenvoltura passam a demonstrar o domínio do corpo e, consequentemente, o conhecimento e autoridade para que sua mensagem seja acreditada. Dessa forma, se tiverem de apresentar projetos de boa qualidade, não serão sabotados pela falta de qualidade da sua comunicação.

Esse é um aprendizado rápido, muito eficiente e possível a todas as pessoas. Pense nos benefícios que poderá obter. Se você se apresentar com expressão corporal correta, elegante, harmoniosa e segura vai projetar de forma positiva sua personalidade e aumentar a credibilidade de seus discursos.

Sem contar que será uma pessoa mais feliz pelo conforto e segurança que sentirá ao falar com as pessoas tanto nos contatos profissionais quanto no relacionamento social. Alguns dizem que a boa comunicação mudou sua vida. Deixaram de dar desculpas para fugir das oportunidades para falar em público. Agora são os primeiros a tomar a iniciativa de falar.

Superdicas da semana

  • Observe como se comporta no dia a dia, quando está bem à vontade
  • Procure se apresentar diante do público com essa mesma espontaneidade
  • Diante da plateia, imagine sempre que esteja conversando com um grupo de amigos
  • Não deixe de gesticular, mas não gesticule demais

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante, e "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas", "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva.

Para outras dicas de comunicação, entre no meu site (link encurtado: http://zip.net/bcrS07)
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