Comunicação de Trump não se compara à de Kennedy, assassinado 53 anos atrás
No dia 22 de novembro de 1963, o ex-presidente americano John F. Kennedy era assassinado em Dallas, nos Estados Unidos. Neste momento em que há tantas dúvidas sobre o comportamento do presidente eleito Donald Trump à frente do governo norte-americano, nos recordamos do desaparecimento de um dos líderes mais importantes da história mundial.
Kennedy foi um estadista na acepção da palavra. Apesar de não possuir voz poderosa, notabilizou-se por uma oratória excepcional. Foi preparado para brilhar nas tribunas. Alguns trechos do seu discurso de posse em 20 de janeiro de 1961 são excelentes exemplos da oratória universal. Um deles é dos mais repetidos em todo o mundo.
“Por isso, meus compatriotas, não perguntem o que o seu país pode fazer por vocês, perguntem o que vocês podem fazer pelo seu país”. Esse habilidoso jogo de palavras atravessou as décadas e chegou até os nossos dias como se a mensagem acabasse de ser proferida.
Ao analisarmos a gravação do seu discurso de posse, encontramos exemplos que se transformam em verdadeira aula da arte de falar em público. Do princípio ao fim, temos uma enorme variedade de detalhes que podem servir para o aprendizado e o aperfeiçoamento da comunicação.
Kennedy leu o discurso de posse. Como deveria mesmo ter feito. A regra sugere que no discurso de posse são estabelecidas as bases da administração que o presidente pretende empreender. Por isso, não convém que fale de improviso, já que a mensagem precisa ser muito bem elaborada.
Durante a leitura do discurso, o presidente eleito foi perfeito no contato visual com a plateia. Batia os olhos no texto e pronunciava as palavras olhando para os ouvintes. Teve o cuidado de distribuir a comunicação visual para todos os lados do auditório, fazendo com que as pessoas se sentissem incluídas no ambiente.
A leitura bem-feita recomenda que o orador olhe para todos os ouvintes. Não para ler a reação do público e tentar modificar alguma parte da mensagem. Esse procedimento não será possível porque o texto está pronto e não há como modificá-lo. Possibilitará, entretanto, que o orador use mais ou menos emoção, de acordo com a reação da plateia.
A gesticulação na leitura não pode ser exagerada. Deve acompanhar o ritmo e a cadência da fala. Kennedy agiu de forma apropriada. Quando falava com mais firmeza, os gestos eram mais contundentes. Ao contrário, quando se expressava de maneira mais suave, os gestos eram mais moderados.
Ele se valeu também de um bom recurso para ler seu discurso de posse - recorreu aos gestos de marcação. Esses movimentos repetitivos à frente do corpo não identificam o sentido da mensagem, servem especialmente para marcar o ritmo da fala. Essa combinação do contato visual e os gestos de marcação foi importante para projetar sua imagem de forma positiva.
Sem esforço, o presidente eleito pronunciou cada sílaba com perfeição. Essa dicção esmerada e natural ao mesmo tempo, caracteriza-se como subtexto importante para identificar a educação, o preparo, a boa formação do orador. Alternou frases mais longas com outras mais curtas, facilitando assim a compreensão dos ouvintes.
Quem deseja aperfeiçoar a comunicação tem no discurso de posse de Kennedy um excelente exemplo. A composição do texto, a postura e a gesticulação do orador, a comunicação visual, a pronúncia das palavras, o ritmo da fala, as pausas bem medidas, a emoção adequada para o momento certo.
Hoje, 22 de novembro, quando nos lembramos do dia em que foi assassinado, graças às gravações de seus discursos podemos ainda analisar toda sua capacidade oratória. Kennedy foi um sedutor de plateias. Soube como poucos magnetizar não só o povo norte-americano, mas boa parte da população de todo o mundo.
Embora Trump tenha muita experiência para se comunicar, pois teve atuação intensa em programas de televisão, jamais sua oratória poderá ser comparada à de Kennedy. Mesmo aqueles que votaram no candidato republicano devem sentir saudade do carisma, elegância e charme daquele que foi assassinado num 22 de novembro há mais de 50 anos.
Superdicas da semana
- O discurso de posse deve ser lido
- A boa leitura recomenda que o orador mantenha contato visual com a plateia
- Os gestos na leitura devem ser moderados
- As pausas ajudam bastante na interpretação do discurso lido
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante, e "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas", "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva.
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