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Doces e concursos

Por William Douglas

29/10/2013 06h00

Cientistas norte-americanos realizaram pesquisas com um grupo de crianças para investigar o quanto elas conseguem esperar por algum tipo de retorno e como isso pode se refletir na construção de suas personalidades.

O teste se sucedeu da seguinte forma: deram às crianças a opção entre ganhar um doce, imediatamente, ou aguardar trinta minutos e ganhar duas unidades do mesmo doce.

As crianças mais novas optaram pela retribuição imediata e à medida que a idade dos entrevistados crescia, aumentava também o número daqueles que eram capazes de esperar um pouco para ganhar o dobro.

Você, concursando experiente, já sabe onde desejo chegar, certo?

Concursandos ainda em amadurecimento não suportam aguardar o tempo suficiente para ganhar todo prêmio possível; eles preferem um prêmio menor desde que seja imediato.

À medida que "envelhecem", passando meses ou anos no sistema "concurso público", os concursandos vão aprendendo a abrir mão de algum prêmio imediato em prol de maiores resultados depois.

Ou seja, quanto mais experiente o concursando, mais ele sabe administrar o tempo, o lazer e a urgente e descomunal necessidade de muito estudo, revisão e treinamento.

O prêmio "da hora", imediato, é o passeio, o cinema, a cama, a festa, o fim de semana na casa de praia e tudo o mais que, inequivocadamente prazeroso, adia o estudo, a revisão, a realização de questões de concurso e, claro, a aprovação.

A questão da capacidade de ser o senhor de seu comportamento, seu próprio líder, de ter autodomínio e senso de oportunidade é, no final das contas, uma questão de maturidade.

A mesma maturidade que nos induz a fazer escolhas. Escolhas mais sérias que as relativas aos concursos públicos como a qualidade de nossos relacionamentos, de nossa alimentação, de nossa forma de enfrentar a depressão e as crises.

O ponto que estou defendendo é o seguinte: precisamos amadurecer para a vida.

Se o fizermos, a maratona dos concursos se torna mais simples, pois as regras e princípios gerais, os valores envolvidos nos sacrifícios, que o concurso pede, são os mesmos que influenciam as demais áreas da vida.

Como digo, nos concursos, "a dor é temporária, o cargo é para sempre". Nos concursos, os sacrifícios terminam um dia. É bem melhor.

A proposta para reflexão é a necessidade de desenvolver a difícil capacidade de abrir mão do prazer imediato pelo prazer maior no futuro ou, em outras palavras, trocar recompensas menores por recompensas maiores, mas que demoram mais para aparecer.

É uma troca, um negócio, um investimento, um plano, um desafio.

Não vou me alongar muito na nossa conversa de hoje, mas propor essa reflexão: você está tratando os concursos com a maturidade daqueles que sabem o que querem do futuro?

Se mais, desejo, a todos, boas escolhas e muitos doces!