Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como a Inteligência Artificial vai revolucionar a criação na publicidade

"Personas", de acordo com Bill Aulet, diretor do Instituto de Empreendedorismo do MIT, são "representações dos clientes primários de uma empresa". São imaginações, como, por exemplo, o Pedro, de 42 anos de idade, que é casado, gosta dos Beatles, é corredor de rua, trabalha como gerente em uma fábrica de vinhos e está juntando dinheiro para montar sua vinícola.
A construção destas personas é importante para apontar o cliente-alvo para toda a empresa. Dessa forma, do financeiro, passando pelo jurídico, produtos, design, vendas e marketing, todos da empresa sabem para quem estão sendo construídos os produtos, serviços ou a comunicação da companhia.
Por exemplo, se imaginarmos que em uma empresa fictícia todas as personas possuem mais de 40 anos de idade, ninguém vai fazer um aplicativo com letras pequenas, o jurídico não fará contratos com letras miúdas e o time de marketing vai cuidar para evitar layouts com pouco contraste visual.
É por isso que Bill Aulet segue dizendo que as personas são importantes para saber "priorizar recursos, funções, projetos e alocar pessoas", em todos os departamentos.
É na simplificação que mora o risco
A limitação começa quando tais personas são transportadas para o mundo da comunicação e do marketing em formato "copiar e colar". É na simplificação que mora o risco. Agências de propaganda são orientadas a encontrar, em suas sugestões de mídia, aquele público-alvo específico, como por exemplo "homens de 42 anos com interesse em vinho", "mulheres empreendedoras de 60 anos" e assim por diante.
Esse processo ia se repetindo, e novas personas são transformadas em segmentos de grupos (clusters ou targets) que melhor as representam seguindo os filtros dos veículos de mídia (da TV, passando por sites, redes sociais e outras plataformas de otimização de anúncios digitais).
Com o passar do tempo, contando com a curiosidade e inteligência dos profissionais, além de bons processos, os resultados tendem a melhorar. Mas há um limite humano neste aprendizado e na execução, e fatalmente chega-se a um platô de performance.
É como ir à academia dez vezes na semana: você ficará mais forte, mas não ficará mais alto.
Para ir além do crescimento orgânico e experimentar melhorias exponenciais, é preciso diversificar a lógica do pensamento. Seriam braços biônicos. Aqui, dois exemplos:
- Um banco investia muito em campanhas para divulgação do seu cartão de crédito. Com o tempo, o platô de eficiência em compra de mídia foi atingido. Mesmo investindo mais, era impossível encontrar mais pessoas consideradas "boas pagadoras" de faturas de cartão.
- Um algoritmo foi criado. Ele "clonava" características de bons pagadores (informações que apenas o banco detinha) e replicava para encontrar possíveis clientes, parecidos com estes.
No meu livro, "Inteligência Artificial em Marketing e Vendas", eu também conto outras histórias, como a da seguradora que descobriu o seguinte perfil dos seus clientes-alvo compradores digitais: pessoas que usam monitor de determinado tamanho e navegam em certo navegador cuja origem foi um único site de buscas.
Nessas duas histórias, o melhor cliente potencial nada tinha a ver com personas, pois não podia ser descrito de forma demográfica nem de comportamento (exemplo: homens de 40 anos moradores de grandes cidades).
Ampliando a visibilidade
É assim que a forma tradicional de pensar o marketing se limita: ao não conseguir ampliar a visibilidade sobre os diferentes grupos. Para acompanhar este novo pensamento, temos que ter em conta três princípios fundamentais: o aprendizado a partir da estatística, a utilização dos dados em interações diretas com as pessoas e o respeito à privacidade.
A estatística usa modelos de regressão para encontrar os atributos de um mesmo grupo e clonar os segmentos. As interações diretas são possíveis quando as empresas têm o cuidado de oferecer melhores experiências (em aplicativos, sites, lojas etc.) e, a partir delas, coletar diretamente os dados dos clientes (desde navegação até cadastros e transações).
Por último, o terceiro princípio - o da privacidade dos dados - é mandatório e não pode ser minimizado em nenhuma circunstância, sob pena de multa.
Todo mundo ganha: empresas e consumidores.
Quando as personas são substituídas por segmentos baseados em propensão, inverte-se o tradicional funil de comunicação e marketing: em vez de os marqueteiros aprenderem a partir de sucessivas campanhas "de cima para baixo", agora os algoritmos aprendem "de baixo para cima", ou seja, a partir dos seus consumidores - clonando comportamentos -, deixando o antigo funil obsoleto.
Em um mundo onde as interações com os consumidores são infinitas em tantas telas e dispositivos, com dados, IA e diversificação, o marketing pode ser totalmente transformado.
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