Amanda Klein

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Opinião

Trump vai pegar telefone e ligar para Xi Jinping, diz representante chinês

Apesar da rápida deterioração na relação entre China e Estados Unidos, não haverá um 'decoupling' (desacoplagem) permanente entre as duas maiores economias do mundo. Essa é a visão de Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.

Trump vai pegar o telefone e ligar para Xi Jinping e Xi ficará feliz em falar com Trump. O presidente americano foi muito claro na entrevista (ontem na Casa Branca). Ele vai fazer um acordo com Xi Jinping.

A taxação gigantesca mútua não é sustentável. É como vocês dizem aqui no Brasil: morde primeiro e depois assopra. Única saída é a negociação. As duas economias estão muito entrelaçadas.
Charles Tang

Como exemplo dessa interdependência, Tang lembra que a China é uma das maiores detentoras de títulos americanos, os Treasuries.

Se a China começar a vender títulos, hipotecas móveis americanas, vai criar um caos e isso afeta o valor do dólar. O maior produto de exportação dos Estados Unidos é um pedacinho de papel pintado de cinza e verde que pode ter o valor que você quiser. A credibilidade do dólar é o que sustenta a economia americana.
Charles Tang

O presidente da Câmara deixa claro que a China tem vasto arsenal para retaliar. Mas ele não acredita nessa via de destruição bilateral. Para Tang, os americanos já perderam muito dinheiro na bolsa e vão pagar mais caro pelos produtos importados. Isso não interessa a ninguém.

Tang disse também que o Brasil vai ganhar na disputa comercial entre Estados Unidos e China.

Quando Trump taxou a China no primeiro mandato, o Brasil teve uma bonança. Haverá de novo pedidos da China para comprar cada vez mais produtos do Brasil. Soja, milho, produtos agrícolas, proteínas animais. Vai deslocar a produção americana. Os fazendeiros americanos vão ficar sem exportar.
Charles Tang

Sobre o risco de inundação do mercado brasileiro com produtos baratos chineses, ele comenta que "o que o Brasil importa da China, o Brasil não tem competitividade". Segundo Charles Tang, a China teria direito a exportar mais para o Brasil porque tem déficit comercial alto, cerca de R$ 80 bilhões em dois anos.

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Mas há ainda uma outra parte dessa equação que pode nos interessar. Tang ressalta que a China pode ampliar o investimento direto no Brasil, que está hoje na casa de US$ 100 bilhões.

A China vai ter que investir mais em outros países para fazer montadoras. Fábricas de automóveis chinesas vão migrar para exportar sem os 125% de tarifas e isso vai gerar investimentos, empregos e trazer novas tecnologias para o Brasil.
Charles Tang

Ele chama atenção também para a participação da China em concessões e PPPs (parcerias público-privadas) de infraestrutura: ponte de Itaparica, trem elevado de Salvador e trem que liga São Paulo a Campinas.

Trouxemos 5G para ao Brasil e fábricas de automóveis trazem tecnologia.
Charles Tang

Ao que parece, se a relação entre China e Estados Unidos estremece, as perspectivas para China e Brasil nunca foram tão boas.

O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.

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