Amanda Klein

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Tarifaço pode baixar inflação, diz assessor de Haddad; queda ajuda Lula

No Ministério da Fazenda, a avaliação é de que a turbulência econômica deflagrada por Donald Trump com o tarifaço representa um processo de queda rápida da inflação, com possibilidade inclusive de fazer o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) voltar para dentro da meta do Banco Central, com teto de 4,5% para o ano. A inflação em 12 meses, segundo o IPCA divulgado hoje, está em 5,48%.

"No Brasil, o cenário é deflacionário, mesmo com dólar alto. A moeda americana já está no patamar médio de R$ 5,80 há quase seis meses. A transmissão do câmbio para o preço leva de quatro a seis meses. Já aconteceu", analisa um importante assessor do ministro Fernando Haddad.

Ele diz acreditar que, se o dólar se mantiver ao redor desse patamar, a queda dos preços das commodities agrícolas e do petróleo nas Bolsas internacionais vai contribuir para desacelerar a inflação de alimentos e os preços dos combustíveis no país.

O encarecimento dos alimentos no país tem sido apontado por especialistas como o principal motivo para a deterioração da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde o tarifaço anunciado por Trump, em 2 de abril, o petróleo tipo Brent — que é a referência da Petrobras para a definição dos preços que pratica — já caiu 15,5% e fechou ontem a US$ 63,33 o barril. "[A inflação] Vai voltar para dentro da meta rapidamente. O cenário de política monetária é bem benigno para o Brasil. Isso é bom", diz o assessor de Haddad.

A mesma fonte graduada da Fazenda pondera que ainda é preciso ver qual é a intensidade da deterioração econômica e, principalmente, como o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) vai reagir. Se os juros caírem por lá, abre-se uma janela para o Copom (Comitê de Política Monetária do BC brasileiro) reduzir a taxa por aqui.

"Nosso cenário base é um acordo entre China, Estados Unidos e União Europeia. Mas isso não vai evitar uma recessão ou desaceleração econômica bem forte para o ano no mercado global. Está meio contratado. A não ser que recue totalmente [das tarifas]. Será cenário de menos comércio. Todo mundo parou investimentos. Todo mundo está avaliando o que vai acontecer", afirma.

O assessor admitiu que os secretários do Ministério da Fazenda ainda não se sentaram para discutir o impacto da desaceleração global na projeção de crescimento do Brasil para este ano. A estimativa, por enquanto, se mantém em 2,3%. "Precisa estabilizar. Talvez caia um pouco mais, mas nada drástico", diz.

Na avaliação dele, a China precisará de um pacote de estímulo fiscal doméstico. As exportações agrícolas do Brasil para o país asiático devem aumentar e substituir a soja e a proteína animal atualmente importada pelos chineses dos americanos. "A única certeza é que ninguém sabe o que está acontecendo e para onde vai. As coisas podem mudar rapidamente para um lado ou pro outro", conclui.

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