Amanda Klein

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Reportagem

Ministros veem ajuste fiscal como chance para melhorar popularidade de Lula

Dois ministros que conversaram com a coluna veem o debate que se abriu a partir da crise do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) como uma janela de oportunidade para melhorar a aprovação de Lula.

"Acho que, se apresentarmos ao Congresso uma agenda efetiva, que dialogue com a responsabilidade fiscal e medidas mais estruturantes, será fundamental", diz um dos ministros. Ele esteve com Lula ontem e afirma que o presidente pode avançar em propostas como a desvinculação do salário mínimo de benefícios sociais e o fim do piso de saúde e educação: "Ele ainda não bateu o martelo, mas pode topar".

Um outro ministro referenda essa visão. "Qual é o grande fato do governo? Acho que tem espaço para melhora da popularidade porque tem resultados importantes na economia, mas precisa de sinalização de sustentabilidade. O resultado atual é muito bom, mas se olhar para frente pode ter alguma dúvida sobre o futuro próximo. Haddad tenta endereçar esse desafio. Mas ainda há dúvida sobre o caminho a seguir".

Na opinião desse ministro, muito experimentado na política, para melhorar a aprovação é preciso escolher um caminho na economia e perseverar. "Na minha visão, fazemos corte de despesas combinado com o Parlamento para sinalizar redução do endividamento no médio prazo", disse. Ele acredita que é mais fácil convencer Lula sobre o fim do piso de saúde e educação do que desvincular o salário mínimo.

Pesquisa Quaest divulgada hoje mostra o presidente Lula no pior momento de popularidade desde o início do terceiro mandato: 57% desaprovam o governo, e 40% aprovam.

Há uma outra ala no governo, representada por ministros importantes como Gleisi Hoffmann e Rui Costa, que ainda tem dúvidas se frear as despesas em ano eleitoral é o melhor remédio.

O deputado Zeca Dirceu (PT-SP) resume o sentimento de parte da base do PT: "Ajuste fiscal é a coisa mais impopular do mundo". Para ele, o remédio para resgatar a popularidade é outro. "A popularidade vai melhorar com comunicação e ação política mais efetiva na base, na ponta. Durante a pré-campanha e eleição, melhora porque a base se move e tem o que mostrar. O governo entrega muito", vaticina.

Reginaldo Lopes (PT-MG), assim como outras fontes do PT, ressalta que na economia a percepção melhorou. "Tirando a aprovação do presidente, houve melhora em todos os outros indicadores de avaliação do governo: economia, inflação e preços de alimentos", resume.

Felipe Nunes, diretor da Quaest, acha arriscado o governo depender só da economia. "O eleitor está mais crítico, difícil de ser agradado. As políticas são vistas como direitos, não benefícios. Mesmo com a economia indo bem, as pessoas não necessariamente associam a melhora na vida a um gesto do governo. Elas relativizam o esforço próprio trazendo para si o mérito do sucesso. É um ambiente complexo", reflete.

Reportagem

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