Do jeito que está, MP de Haddad será barrada
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O capital político de Fernando Haddad está se esvaindo rapidamente. A solução para a trapalhada do IOF foi tributar setores diversos - sobretudo bets e aplicações financeiras.
A medida provisória a ser editada acaba com a isenção de títulos incentivados, como LCI e LCA, e aumenta a tributação para fintechs e JCP (juros sobre capital próprio), além de equalizar a alíquota de IR de aplicações financeiras.
O governo trocou um imposto (IOF) por muitos outros. Haddad chama de justiça tributária e diz que menos de 1% da população - somente os "moradores da cobertura" - pagará a conta. Já o Congresso entende como aumento de carga tributária.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, que apareceu ao lado de Haddad no domingo elogiando o acordo do governo com líderes, aparentemente se antecipou. Em evento hoje pela manhã, criticou a proposta do governo e disse que não será bem aceita nem pelo governo nem pelo Congresso.
Um interlocutor do deputado confidenciou à coluna que "esse pacote não passa. A reação foi muito ruim de vários setores". Leia-se agro (poderosíssimo), construção civil, bets e fintechs, os principais afetados por esta rodada de elevação de impostos.
Já a Federação União Progressista - dois partidos com assento na Esplanada dos Ministérios - vai fechar questão contra a MP que ainda nem foi editada, somando-se ao coro de oposição de PL e Novo. Mas há vozes dissonantes.
Um importante senador do União Brasil disse que o ponto não é ser contra, mas deixar claro que o Congresso não aceitará o ajuste só pelo lado da arrecadação. É possível rever a posição se houver um novo projeto que corte despesas. Para ele, não adianta a Fazenda apresentar uma planilha com gastos explosivos de BPC e Fundeb e deixar no colo do Congresso a solução.
"O governo tem que apresentar proposta que gere compromisso por parte da bancada do PT. Quando fala em cortar Fundeb, o primeiro que pula da cadeira é o líder do governo. Temos que trazer para o centro da discussão um equilíbrio que não seja feito só pelo lado do imposto", afirma.
Para azedar de vez o clima, a troca de insultos entre Haddad e os deputados Nikolas Ferreira e Carlos Jordy em comissão na Câmara só torna ainda mais indigesto o pacote de impostos.
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