Amanda Klein

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PT avalia que aumentar impostos de ricos é bom discurso eleitoral

O PT pretende transformar a tributação dos mais ricos em discurso de campanha. "Nossa base tá adorando. O debate sobre a medida provisória (que tributa investimentos, fintechs, bets e bancos) vai durar quatro meses. Vai aprovar tudo? Não. Mas é uma discussão boa: ricos x pobres. Pra gente esse debate é ótimo, ser favorável a taxar bets e bancos", relatou à coluna uma liderança do PT.

A avaliação no partido é que o caminho para a eleição passa por reconectar o discurso com os pobres. Assim, é possível fazer desse limão uma limonada. Pesquisas internas encomendadas pelo governo mostram que mais de 70% da população aprovam a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e aumento da contribuição dos ricos.

Outro petista graduado afirma: "Vamos fazer disputa de rumos, identificar quais os projetos distintos de sociedade. A oposição quer cortar verba da educação, se beneficiar de R$ 860 bilhões em renúncia fiscal para setores privilegiados, e a sociedade toda paga a conta".

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi nessa linha em um post nas redes sociais na sexta-feira à noite: "É uma questão de justiça cobrar contribuição das bets, dos bancos, dos rentistas de aplicações financeiras que estão isentos ou pouco pagam, enquanto um trabalhador desconta até 27,5% para o IR."

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, resume: "É a velha coalizão das elites que diz que tem que fazer ajuste, mas só em cima dos pobres. Quando é chamada a contribuir, diz 'aqui não'. É o velho patrimonialismo brasileiro".

Será uma disputa de narrativas com risco considerável para o PT. A oposição faz o discurso inverso: o PT só quer saber de aumentar impostos. Na semana passada, a federação União Progressista - com quatro assentos na Esplanada dos Ministérios - lançou manifesto com o seguinte título: "Conta Pública não é só criar impostos. É cortar desperdícios urgentes".

Pesquisa Datafolha divulgada hoje confirma essa perspectiva - 47% dos brasileiros acham que recursos públicos são suficientes, mas mal aplicados. Patamar que só fica abaixo de dezembro de 2016, no impopular governo Temer.

O pano de fundo é a eleição de 2026. Líderes do PT veem a aproximação da disputa como justificativa para notas recentes de entidades do setor privado ligadas ao mercado financeiro e setor produtivo criticando o governo até no corte de gastos, como auxílio-doença e seguro defeso. Uma dessas lideranças de esquerda enxerga um movimento crescente da centro-direita em favor do governador de SP, Tarcísio de Freitas, que aparece empatado com Lula nas simulações de segundo turno do Datafolha.

Hoje, na Câmara, está pautada a urgência do projeto de decreto legislativo que suspende o aumento do IOF, depois de mais uma rodada de conversas ontem entre Hugo Motta e Lula.

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O PT acredita que o Congresso quer dar um recado ao governo, mas não há interesse em votar o mérito e derrubar o IOF, o que obrigaria o Executivo a congelar mais gastos e, por tabela, mais emendas parlamentares. A ver. Na atual circunstância, nada se escreve em pedra em Brasília, nem os acordos firmados entre quatro paredes.

O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.

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Veja a íntegra do programa:

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