Amanda Klein

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Opinião

Em jantar, Hugo Motta diz que judicialização afasta governo e pode retaliar

Empresários e políticos que estiveram ontem na casa de João Doria em jantar em homenagem ao presidente da Câmara relataram à coluna que Hugo Motta disse que a judicialização do IOF "pode ser caminho ruim adotado pelo governo federal para criar um confronto entre poderes, no caso Legislativo e Supremo Tribunal Federal".

Nas palavras de um empresário, "ele fez uma crítica educada e pontual ao governo, mas afirmou, sim, que recorrer ao STF para derrubar a decisão do Congresso vai afastar ainda mais Executivo e Legislativo".

A Advocacia Geral da União deve entrar hoje com ação no STF para questionar a constitucionalidade do PDL (projeto de decreto legislativo) aprovado por ampla maioria na Câmara e no Senado, na semana passada, que sustou o aumento do IOF.

Políticos presentes ao encontro relataram que Motta pode retaliar o governo pautando vários PDLs (projetos de decreto legislativo) na Câmara, sem especificar quais. Mas fizeram a ressalva que o PL de isenção para quem ganha até R$ 5 mil - relatado por Arthur Lira - será aprovado.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou recentemente que há mais de 500 PDLs tramitando na Câmara e 80 no Senado, o que pode significar novas derrotas a Lula em caso de acirramento da tensão.

Hugo Motta discursou ao final do jantar com 65 empresários do setor produtivo - serviços, comércio, indústria, tecnologia e bancos - e foi aplaudido de pé. Segundo interlocutores de Motta, o jantar já estava marcado antes da crise do IOF. No discurso, ele não fez nenhuma acusação direta ao governo Lula, mas defendeu que o Brasil não suporta mais impostos e que o país espera controle fiscal, e não um governo que gasta mais que arrecada.

Falou ainda que, como presidente da Câmara, cabe a ele interpretar a vontade dos parlamentares e manter a independência da casa. Reforçou a sintonia entre Câmara e Senado e o diálogo com o governo e o Poder Judiciário, buscando harmonia, mas enfatizando a independência.

Nos bastidores, Motta comentou, segundo relatos dos presentes, que ainda tem esperança que o governo proponha alguma medida de corte de gastos.

Na mesa principal do evento, além de Motta, sentaram-se João Doria, o vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o ex-governador Rodrigo Garcia, entre outros. O prefeito Ricardo Nunes passou rápido e ficou 10 minutos. Cumprimentou Motta e seguiu para outro compromisso.

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O sentimento entre empresários é que Motta já está distante do presidente Lula e a tendência é se afastar ainda mais. Na visão deles, o próprio Lula tem contribuído para isso. Já o comentário na roda política é que o governo Lula dificilmente recupera a popularidade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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