Biodiesel avançado começa a ser testado em aeroportos brasileiros
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A empresa gaúcha Be8, antiga BSBIOS, vai anunciar seu segundo acordo com um aeroporto brasileiro para uso de um biodiesel desenvolvido pela companhia, que pode substituir 100% do óleo diesel.
Por enquanto, os acordos firmados serão testes da viabilidade do novo biocombustível, ainda mais caro em comparação com os combustíveis fósseis — ou mesmo com o biodiesel usado no mercado —, mas que se encaixa na agenda do governo brasileiro de fomentar a descarbonização e aproveitar a "grande vocação do agro brasileiro" na agenda da transição energética.
Tanto que é esperada a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em um evento hoje, quando também será celebrado o investimento da Be8 em uma fábrica de etanol de cereais em Passo Fundo, cujas obras começaram no ano passado e devem ser concluídas em 2026.
Aeroportos descarbonizados
O grande foco do setor aéreo está no uso do SAF, combustível sustentável de aviação, por ser uma alternativa ao combustível fóssil e atender critérios de sustentabilidade ambiental.
Nos aeroportos, porém, é preciso reduzir o uso de combustíveis fosseis também nas suas operações terrestres, e é nesse ponto que a Be8 tem apostado para anunciar o Bevant, nome dado a um novo biodiesel de alta qualidade, comparável em uso ao diesel verde, o HVO, pela promessa de que pode ser usado diretamente nas máquinas que hoje usam diesel, sem necessidade de investimentos em adaptação.
Em janeiro, a empresa fundada e comandada pelo empresário Erasmo Carlos Battistella anunciou uma parceria com o Aeroporto de Congonhas, operado pela espanhola Aena, que vai testar o novo biodiesel para descarbonizar operações terrestres, como viaturas operacionais, equipamentos de movimentação de cargas e de aeronaves, além de geradores.
Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, agora é a vez de um acordo com a alemã Fraport para usar o novo biodiesel no Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre.
Combustível do futuro e Brasil na liderança global
O governo brasileiro aposta nos biocombustíveis como diferencial para descarbonizar a indústria e os transportes, em complemento à eletrificação.
"A Lei do Combustível do Futuro posicionou o Brasil como líder global na descarbonização da matriz dos transportes e da mobilidade urbana", disse à coluna o ministro Alexandre Silveira, se referindo à Lei 14.993, de 2024.
Quando a legislação em questão foi sancionada, em dezembro do ano passado, o MME comemorou o potencial de investimentos de R$ 100 bilhões previstos para os próximos 10 anos, segundo cálculos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Segundo o ministro, anúncios como o da Be8 são evidência de que os mandatos impostos pela lei em questão deram "mais confiança e segurança" a agricultores e produtores, que seguem apostando no aumento da produção.
A companhia não é novidade para Alexandre Silveira, que, em janeiro de 2024, durante sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, aproveitou a viagem à Suíça para visitar uma usina da Be8 em Domdidier, que produz biodiesel de segunda geração a partir de óleo de cozinha usado.
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