Conta de luz menor atrai empresas ao mercado livre de energia
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Desde janeiro de 2024, quando todos os consumidores de alta e média tensão passaram a poder escolher o fornecedor de energia elétrica, 38,7 mil novos consumidores deixaram as distribuidoras. Com isso, o mercado livre de energia, que nasceu há mais de 25 anos, dobrou de tamanho: hoje, tem aproximadamente 75 mil consumidores.
Quem lidera o "boom" do mercado livre de energia são consumidores com a conta de luz de cerca que varia de R$ 10 mil a R$ 20 mil mensais, como padarias, mercados ou academias.
Dos 38,7 mil que migraram desde então, 36,8 mil deles têm a demanda inferior a 500 KW e antes de 2024 eram restritos ao mundo das distribuidoras. Antes, apenas consumidores de grande porte podiam escolher o fornecedor. Em 2022, uma portaria liberou a migração para todos os consumidores conectados em alta tensão, independente do tamanho, desde que sejam representados por um agente varejista.
O "varejo" da energia
Esse formato permite que pequenas empresas façam parte do mercado livre sem lidar diretamente com a burocracia da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Elas são representadas por agentes especializados, que cuidam de toda a operação. Apesar do nome, ainda não se trata do varejo tradicional. Esses consumidores são, na prática, um laboratório para o que pode vir a ser o mercado totalmente aberto.
Um laboratório que está dando resultados. Segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica, depois de um 2024 intenso, a migração de consumidores para o mercado livre não desacelerou. De janeiro a maio de 2025, 16.296 unidades consumidoras trocaram o mercado regulado pelo ambiente livre. Destas, 15.511 têm demanda inferior a 500 kW e entraram por meio do modelo conhecido como comercializador varejista.
Hoje, o mercado livre responde por 42% de toda a energia consumida no país, segundo levantamento da Abraceel. No início do ano passado, o peso era de 36% em relação ao consumo total de energia no país.
A liderança da migração em 2025 está com a Copel, do Paraná, com 1.969 novos consumidores livres, seguida pela CPFL Paulista e pela Cemig. No total acumulado desde a abertura para toda a alta tensão, essas três também lideram, com destaque para os mais de 4 mil varejistas migrados na área da CPFL Paulista.
Quando o consumidor residencial poderá migrar?
O consumidor residencial e a pequena loja de bairro seguem de fora. Esse grupo só poderá entrar no mercado livre se a Medida Provisória 1.300 for aprovada pelo Congresso. A proposta prevê que, a partir de 2026, o mercado seja aberto também para consumidores de baixa tensão, começando pelas pequenas e médias empresas e, depois, residências.
Se a MP caducar, esse cronograma desaparece. E com ele, a chance do consumidor residencial escolher de quem comprar energia, como já ocorre com serviços como telefonia e internet.
Segundo a Abraceel, a abertura total do mercado pode aumentar a competição, estimular o surgimento de novos serviços e reduzir os preços. Hoje, há mais de 70 comercializadoras atuando no país, 49 delas especializadas em atender o pequeno consumidor pelo modelo varejista.
A expectativa é que, se a MP for aprovada, mais de 90 milhões de unidades consumidoras passem a ter esse direito nos próximos anos. Até lá, o país segue numa espécie de pré-temporada do mercado livre, com pequenas empresas testando o caminho que pode, um dia, chegar às casas dos brasileiros.
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