Sem efeito imediato, zerar taxa do arroz é decisão arriscada de Bolsonaro
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O presidente Jair Bolsonaro já pediu patriotismo aos donos de supermercados para que baixem o preço do arroz, já conseguiu convencer o ministro Paulo Guedes (Economia) a buscar alguma medida que mostrasse atuação do governo no caso. Agora, resta saber se as reações às suas ações serão positivas ou não.
Isso porque, a decisão de zerar as tarifas de importação é uma manobra política arriscada do presidente. Primeiro, porque é praticamente consenso entre os economistas que a medida não surtirá efeito no curto prazo. Ou seja, o consumidor que está incomodado em ver os preços do arroz nas alturas provavelmente ainda continuará sentindo o peso do grão no bolso.
Por outro lado, o presidente tem como umas de suas maiores bases de apoio, os ruralistas, a bancada do agronegócio. E facilitar a entrada de produto estrangeiro atinge os produtores que já estão no meio da safra. Bolsonaro precisa do Congresso para tocar as suas reformas e tentar a esperada recuperação econômica.
"Obviamente, o presidente está dando uma resposta política para as coisas". A frase é de um auxiliar do ministro Guedes.
Bolsonaro está preocupado com as eleições. A de 2022, onde já é pré-candidato à reeleição, mas também com a que acontece daqui a alguns meses.
Com um mundo atingido por uma pandemia, o presidente teve que fazer concessões a agenda liberal de Guedes, abrir os cofres e ganhou popularidade com o auxílio emergencial. Não está disposto a arriscar nada pela alta de um item tão básico aos brasileiros.
Agora, pede respostas e dá ordens.
Guedes, que vive um dia depois do outro resolvendo crises, repetindo o mantra "não parem de trabalhar" para sua equipe, tenta responder.
O que poderia ser feito?
Não tem jeito. É a conta simples da oferta e da procura e de um mercado livre.
Na avaliação de um técnico da economia, a medida "vai na direção correta, mas o efeito deve ser limitado."
A explicação para a reação do mercado não ser rápida como quer o governo, é que se trata de uma commodity, com preço formado nos mercados internacionais e num cenário com o Real bastante desvalorizado.
Para técnicos, a medida pode até ajudar pelo potencial de aumento de oferta, mas não deve ter impacto expressivo na redução dos preços. "Baixar tarifa é comum nessas circunstâncias, mas não tem muito o que fazer", diz um economista.
Há algumas medidas que já foram adotadas por outros países no passado, como a Argentina, que decidiu colocar imposto sobre exportação do leite. Para o governo brasileiro, essa é uma medida ruim e extremamente intervencionista, que não está no radar. Por enquanto.
"Ninguém vai interferir no preço", têm garantido o presidente e seus subordinados.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.