IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Carla Araújo

Pazuello segue firme no cargo, dizem auxiliares de Bolsonaro

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de posse no Planalto - ADRIANO MACHADO
Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de posse no Planalto Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em Brasília

21/10/2020 12h11

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Mesmo com a fala do presidente Jair Bolsonaro, que desautorizou Eduardo Pazuello sobre a compra da CoronaVac, o ministro da Saúde segue "firme no cargo", disseram à coluna dois auxiliares diretos do presidente.

Pazuello está em casa aguardando o resultado do teste de covid e, segundo interlocutores, pediu que sua equipe fosse a público tentar minimizar o desgaste causado após a declaração de Bolsonaro.

Coube ao secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, dizer que "houve uma interpretação equivocada da fala do Ministro da Saúde".

"Em momento nenhum a vacina foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)", disse.

A tese de erro de interpretação na fala de Pazuello serviu também como uma forma de acalmar Bolsonaro, que ficou irritado com a repercussão do caso. Segundo aliados, é possível que o presidente faça algum tipo de pronunciamento ainda hoje ou aproveite sua passagem por São Paulo para minimizar o desgaste com o mandatário da Saúde.

Pazuello havia sido claro ao afirmar que "a vacina do Butantan será vacina do Brasil" e anunciar a compra de 46 milhões de doses da coronavac.

Hoje pela manhã, no entanto, conforme mostrou o UOL, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, ligou para o ministro Pazuello para conversar sobre o acordo que costuram há pelo menos dois meses. Pazuello garantiu que a dificuldade na tratativa é sobre a importação da China das 6 milhões de doses da vacina produzidas naquele país

Comprovação quando convém

É evidente que nenhum brasileiro quer ser "cobaia", como diz o presidente. As atitudes de Bolsonaro, entretanto, reforçam que ele politiza sim as vacinas e coloca à frente da intenção de imunizar as pessoas a disputa política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP).

Não é preciso ir muito longe para ver que o discurso e as atitudes de Bolsonaro mudam conforme lhe convém. Na segunda-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro - que já foi um dos maiores garotos-propagandas da cloroquina - fez uma defesa de um novo medicamento a Nitazoxanida, conhecido como Annita.

A apresentação dos estudos com a droga, no entanto, foi falha, usou imagens ilustrativas, e ao menos para a população não garantiu a comprovação cientifica da mesma.

Além disso, Bolsonaro já deixou claro que não será obrigatória qualquer que seja a vacina. Ora, se as vacinas só serão colocadas ao público após aprovação de órgãos reguladores, porque o presidente proíbe a compra e não deixa também ao povo o livre-arbítrio para cada um escolher sua forma de imunização.

Enquanto a política domina a discussão, o Brasil segue acumulando mortes e contaminados pela doença.