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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Ernesto Araújo tem pouco espaço para postos no exterior, avaliam diplomatas

Ernesto Araújo - Raylson Ribeiro/MRE
Ernesto Araújo Imagem: Raylson Ribeiro/MRE

Jamil Chade, colunista do UOL

25/03/2021 18h37Atualizada em 25/03/2021 21h20

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Se o presidente Jair Bolsonaro autorizou que procurassem um novo posto para o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, dentro do Itamaraty a visão é que o atual chanceler teria dificuldades para se realocar.

Para que ocupe uma embaixada do Brasil, Araújo precisaria ser aprovado numa sabatina no Senado, justamente onde foi humilhado na quarta-feira.

Uma outra opção seria enviá-lo para um consulado, o que não requer uma aprovação dos senadores. Nesse caso, porém, a saída seria considerada como um tombo grande demais para alguém que sempre esteve ao lado da família Bolsonaro e tem uma ampla rede de apoio entre a base mais radical do Bolsonarismo.

Uma terceira opção seria o posto de chefe da missão do Brasil perante a OCDE, algo que tampouco precisaria de aprovação do Senado. Hoje, o cargo é ocupado por um embaixador, Carlos Marcio Cozendey, um dos nomes mais brilhantes da área econômica do Itamaraty.

Piadas internas

Internamente, a possível queda de Araújo mobilizou as redes de diplomatas. Para muitos deles, o sentimento era de alívio, depois de meses de um "clima de terror" estabelecido contra qualquer voz que questionasse na chancelaria o posicionamento internacional do Brasil.

Não faltaram, nos grupos de WhatsApp do Itamaraty, dezenas de piadas e envios de fotos com montagens de Araújo, num sinal escancarado do descrédito interno do chanceler diante de seus próprios funcionários.

Algumas delas sugeriam enviar Araújo para reabrir a embaixada do Brasil em Caracas, esvaziada pelo atual ministro como protesto contra Nicolás Maduro. Outros ainda sugerem que ele ocupe o cargo de embaixador do Brasil em um organismo multilateral, alvo preferido de suas críticas durante os últimos dois anos.

Operação cautela

As reclamações de senadores e deputados contra o ministro fizeram com que a saída de Ernesto já seja tratada como questão de tempo no Palácio do Planalto.

Por um lado, auxiliares dizem que "já passou da hora". Outros, porém, pedem cautela, já que uma mudança por pressão do centrão poderia tornar o presidente uma espécie de "refém" dos desejos do Congresso.

Bolsonaro ouviu as reclamações e está ciente que a troca do comando do MRE pode ajudar seu governo, que vive um dos momentos de bastante desgaste.

São mais de 300 mil mortos. A população ainda sem o auxílio (que está para chegar, mas com um valor menor) e uma agenda de vacinas bastante atrasada.

Nas palavras de um auxiliar: trocar Ernesto é um problema que será resolvido, mas não é o único e nem o principal deste governo.