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Eleição faz Bolsonaro contrariar Guedes e propor auxílio de R$ 400
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A equipe econômica até achou que teria mais uns dias para resolver o impasse entre a continuidade do auxílio emergencial e um plano B para o Auxílio Brasil, programa que irá substituir o Bolsa Família. Mas, na manhã desta terça-feira (19), o chefe do cerimonial da Presidência encaminhou aos ministros um convite para o que chamou de Cerimônia de lançamento do Auxílio Brasil, às 17 horas no Palácio do Planalto.
O presidente Jair Bolsonaro, que tem buscado aumentar a popularidade em busca da reeleição, decidiu que, além dos R$ 300 que tinha combinado para turbinar o Bolsa Família, quer um formato que ainda beneficie os chamados "invisíveis", que não atenderiam aos critérios do programa, com um ticket médio de R$ 100, ampliando o benefício para a faixa dos R$ 400.
O desenho do programa que será apresentado, porém, ainda estava em discussão. Fontes do ministério da Cidadania e da Economia afirmam que há algumas alternativas sobre a mesa e correm contra o tempo para fechar o que será apresentado mais tarde. O clima, segundo uma fonte, era de "barata voa".
A ideia é que parte desse benefício seja bancado por créditos extraordinários, que ficam fora do teto de gastos. Com isso, a ideia é que não haja uma ruptura com o fim do auxílio emergencial - previsto para acabar em outubro - e que esses vulneráveis continuem a receber algum recurso.
Nos cálculos do Ministério da Cidadania, o número de atendidos pode chegar a 20 milhões de pessoas.
Plano B
O presidente Jair Bolsonaro levou pessoalmente ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no dia 9 de agosto, uma MP (Medida Provisória) para criar o programa Auxílio Brasil.
Para este ano, os recursos já estariam solucionados com verbas do Ministério da Cidadania e com o aumento do IOF. Mas para 2022, os recursos do programa ainda dependem de matérias pendentes no Congresso, como a PEC dos Precatórios e a reforma do Imposto de Renda (IR).
Agora, o governo resolveu colocar um plano B em prática e vai lançar o programa, possivelmente, de forma temporária, o que permitiria brechas para a obtenção de receitas.
Derrota de Guedes
O improviso e a pressa do presidente em resolver a solução em torno dos benefícios sociais representa uma derrota para o Ministro da Economia, Paulo Guedes, que era contra a continuidade do auxílio e queria um valor médio do Auxílio Brasil menor do que o valor de R$ 400, sem que parte do valor fosse fora do teto, o que Guedes também queria preservar.
O anúncio de hoje é uma vitória da ala política do governo.
O time de desafetos de Guedes entre os pares da Esplanada cresceu nos últimos meses. Ao lado de Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), que sempre foi antagonista de Guedes na conduta dos gastos públicos, agora estão outros dois ministros políticos Onyx Lorenzoni (Trabalho) e João Roma (Cidadania).
Na última sexta-feira, os três participaram de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, sem a presença de Guedes.
Ontem, em evento público em Minas Gerais, quando falou da possibilidade de renovar o auxílio, Bolsonaro contou de uma reunião que teve com Guedes no sábado e ainda se referindo ao auxílio emergencial disse que o valor já estaria definido.
"Até digo para vocês, a questão do auxílio emergencial, que está batido o martelo no seu valor juntamente ao Paulo Guedes [ministro da Economia] e outros ministros no sábado, é um valor para dar dignidade a esses necessitados. O ideal é que todos tivessem seu ganha-pão, tivesse emprego, mas as consequências da pandemia agravaram essa questão e não somos insensíveis a esses mais necessitados", completou.
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