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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Sem reforma, Ministério da Economia é contra aumentar isenção do IR

Imposto de renda, IRPF, IR, Receita Federal - Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo
Imposto de renda, IRPF, IR, Receita Federal Imagem: Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

09/11/2021 04h00

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Mais uma batalha entre a ala política e a econômica do governo pode estar prestes a acontecer. Com a reforma do Imposto de Renda parada no Senado e sem perspectivas de votação, uma parte do governo pretendia viabilizar o reajuste da tabela de isenção do Imposto de Renda via medida provisória. Isso reduziria o imposto pago pelos brasileiros.

A ideia, porém, encontra resistência na equipe do ministro Paulo Guedes. Fontes da pasta ouvidas pela coluna afirmaram que "não há dinheiro" para implementar a medida e dizem que será mais uma "pressão irresponsável" da parte política.

A ala econômica diz ainda que a medida era uma contrapartida da reforma tributária e que o ideal seria votar a reforma do IR com o texto aprovado pela Câmara, sem pensar em implementação apenas de partes do projeto.

Apelo popular

Na proposta de reforma tributária o governo estabelece a correção da tabela, subindo o limite de isenção dos atuais R$ 1.903,98 por mês para R$ 2.500.

Apesar de o governo abrir mão de arrecadação com a medida, auxiliares do presidente Jair Bolsonaro dizem que o número de beneficiários é considerável e que a proposta tem apelo popular.

Lembram ainda que Bolsonaro fez promessas em relação ao tema e que será cobrado por isso durante a campanha eleitoral de 2022.

Atualmente, são isentos 10,7 milhões de brasileiros. Com a nova regra, o total de contribuintes beneficiados passaria para 16,3 milhões.

Bolsonaro prometeu subir isenção para R$ 5.000

A promessa inicial do presidente Jair Bolsonaro, feita ainda durante a campanha à Presidência, em 2018, era isentar todos os brasileiros que ganhassem até cinco salários mínimos (pouco menos de R$ 5.000 na época).

No fim de 2019, o discurso mudou e o valor da promessa foi reduzido para R$ 3.000. Com a pandemia e o rombo nas contas do governo, Bolsonaro jogou a bola para frente: "Vamos tentar pelo menos em 2022 passar para R$ 3.000."

A equipe de Guedes, porém, segurou o valor da correção e conseguiu convencer Bolsonaro a ficar nos R$ 2.500.

Já são seis anos sem nenhum reajuste nas faixas salariais de tributação e nas deduções permitidas. E no que depender da equipe de Guedes, sem reforma, a defasagem continuará por pelo menos mais um ano.

Correção não elimina defasagem

Segundo um estudo do Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), a correção proposta pelo governo não é suficiente para cobrir a defasagem da tabela do imposto de renda. De acordo com a entidade, a faixa de isenção deveria valer para quem ganha até R$ 4.022,89.