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Reportagem

Breque dos Apps: restaurantes relatam queda de 100% nos pedidos em SP

No primeiro dia do Breque Nacional, a greve de entregadores por melhores condições de trabalho e aumento na remuneração das corridas, restaurantes da capital paulista não registraram um pedido sequer por meio de aplicativos como o iFood — líder absoluto do mercado de delivery de comida.

A coluna conversou com três donos de estabelecimentos representados pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). A assessoria de imprensa da entidade ainda está compilando dados sobre o alcance da paralisação desta segunda-feira (31), mas afirma ter recebido relatos sobre quedas de 80% a 100% dos pedidos.

"Não sei nem como descrever. O que aconteceu foi inédito", diz João Marcos Previattelli, do Haya Falafel, localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital. "A gente não teve nenhuma venda, quando a nossa média diária são 80 pedidos por dia, pelo iFood", complementa.

"Para mim, o impacto foi gigantesco", conta Mauricio Nishimori, dono do Guinza Sushi, restaurante japonês nos Jardins, bairro da região central de São Paulo. Segundo ele, todos os dias os aplicativos passam a fazer encomendas a partir das 11h30. No entanto, nesta segunda-feira, os apps não estavam disponíveis. "Não consegui vender um delivery hoje pelas plataformas", lamenta.

Dono da hamburgueria Sliders, Pedro Facchini também afirma que o dia foi "nulo". "Só tive o movimento do salão", relata. De acordo com o empresário, que comanda duas unidades na capital, o iFood "manteve a loja fechada" durante todo o almoço. Isso significa que pedidos não foram encaminhados pela plataforma, o que atinge sobretudo restaurantes sem entregadores próprios e dependentes dos profissionais intermediados pelos aplicativos.

'Movimento pegou corpo e ficou muito grande'

Segundo Edgar da Silva, presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos do Brasil (AMABR), o movimento na capital paulista reuniu ao menos 5 mil entregadores.

O comboio partiu do estádio do Pacaembu, passou pela Avenida Paulista e se dirigiu até a sede do iFood, no município de Osasco, na Grande São Paulo, onde lideranças da categoria foram recebidas por representantes da empresa.

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"Não chegamos ainda à conclusão que a gente queria, mas a gente saiu de lá muito forte. A gente continua com as nossas pautas, e o Breque vai continuar amanhã", afirma Edgar da Silva.

A mobilização dos entregadores tem quatro bandeiras centrais: a definição de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida; o aumento da remuneração por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50; a limitação da atuação das bicicletas a um raio máximo de três quilômetros; e o pagamento integral de cada um dos pedidos quando diversas entregas são agrupadas em uma mesma rota.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o iFood afirma que "a empresa segue monitorando as manifestações desta segunda-feira e trabalha para manter a operação funcionando. Vale lembrar que, atualmente, 60% dos pedidos intermediados pelo app são entregues pelos próprios restaurantes. O iFood reafirma seu respeito às manifestações pacíficas".

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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