Breque Nacional: 'Aplicativos não querem dialogar', dizem entregadores
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Organizadores do Breque Nacional, greve de entregadores de plataforma realizada nos dois primeiros dias da semana, afirmam em nota divulgada nesta quarta-feira que "nenhuma das empresas de aplicativo se pronunciou sobre a paralisação ou abriu qualquer diálogo com os trabalhadores".
Segundo o posicionamento, o movimento está suspenso até a realização de uma "Plenária Geral dos Entregadores", na próxima quarta (9). "Na ocasião, a categoria avaliará os impactos da mobilização e decidirá os próximos passos", diz o texto.
A nota do comando do Breque Nacional orienta ainda os entregadores a rejeitar corridas abaixo de R$ 8,00 (com exceção das bicicletas); a negar pedidos agrupados, "que aumentam o trajeto sem aumento justo no pagamento"; e a "realizar paralisações pontuais" para pressionar os aplicativos a abrir canais de negociação.
O que querem os entregadores?
Realizada em mais de uma centenas de cidades, incluindo todas as capitais do país, a mobilização dos entregadores tem quatro reivindicações centrais: a definição de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida; o aumento da remuneração por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50; a limitação da atuação das bicicletas a um raio máximo de três quilômetros; e o pagamento integral de cada um dos pedidos quando diversas entregas são agrupadas em uma mesma rota.
Como mostrou a coluna, o movimento contou com forte adesão dos entregadores e afetou a operação dos principais aplicativos do país, como iFood, Uber Flash e 99 Entrega. Estabelecimentos da capital paulista, principal mercado dos aplicativos, chegaram a registrar queda de até 100% dos pedidos, segundo levantamento da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
"Não sei nem como descrever. O que aconteceu foi inédito", disse à reportagem João Marcos Previattelli, do Haya Falafel, localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. "A gente não teve nenhuma venda, quando a nossa média diária são 80 pedidos por dia, pelo iFood", complementa.
A nota do comando do Breque Nacional lista ainda uma série de práticas que teriam sido adotadas pelas plataformas para tentar desmobilizar a greve, como "promoções e incentivos falsos para manter entregadores rodando durante o breque; abertura emergencial de novos cadastros, jogando mais pessoas na precarização para cobrir os grevistas; pressão direta sobre os entregadores, com mensagens, avisos nos aplicativos e até ameaças de bloqueio para quem parasse de trabalhar; monitoramento das redes sociais e de grupos de WhatsApp, tentando enfraquecer a mobilização com desinformação e intimidação".
No começo da semana, a coluna publicou prints de anúncios enviados pelo iFood com proposta de bonificação de R$ 800 a profissionais do Rio de Janeiro (RJ) que somassem 60 rotas até 31 de março, dia do Breque Nacional. Em São Paulo (SP) um anúncio oferecia uma premiação de R$ 200 aos que completassem dez rotas entre os dias 25 e 31 de março.
Em nota enviada à coluna no começo da semana, a assessoria de imprensa do iFood afirmou que "as campanhas citadas foram ajustadas", com encerramento adiantado para 30 de março, um dia antes do Breque.
Em novo posicionamento, a assessoria de imprensa do iFood afirmou que a "empresa reafirma seu respeito às manifestações, o que inclui não enviar promoções e outros tipos de incentivo durante os dias de paralisação, 31/3 e 1/4/25". A plataforma diz ainda que "não houve qualquer tipo de penalização" para os entregadores que ficaram com o aplicativo desligado ou que tiveram dificuldades para realizar entregas durante o Breque.
O posicionamento diz ainda que "as demandas apresentadas estão sendo revisadas com atenção e seguimos estudando a viabilidade econômica de um reajuste em 2025, sempre com responsabilidade e equilíbrio para todas as partes envolvidas. Vale ressaltar que não houve qualquer anúncio sobre reajustes".
O que dizem os aplicativos?
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa iFood, Uber e 99 e outras plataformas, também emitiu uma nota sobre o Breque Nacional. A entidade argumenta que "respeita o direito à realização de manifestações pacíficas que não afetem a liberdade de trabalhar e o direito de ir e vir das pessoas".
O posicionamento afirma ainda que "as associadas da Amobitec reforçam que mantêm canais de diálogo contínuo com os prestadores de serviço e seguirão avaliando os pleitos apresentados". A nota finaliza dizendo que apoia a regulação da atividade, "visando a garantia da proteção social dos trabalhadores e a segurança jurídica da atividade".
Nota da redação: o texto foi atualizado no dia 03 de abril para atualizar o posicionamento do iFood
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