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Econoweek

Trump pode perder as eleições americanas?

César Esperandio

29/06/2020 18h20

Trump vem decepcionando nas pesquisas e, se as eleições dos Estados Unidos marcadas para o final do ano fossem hoje, o candidato Biden venceria com 14 pontos à frente de Trump.

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. E, neste artigo, bem como no vídeo acima, no qual respondo a perguntas ao vivo sobre o tema, vou traduzir o que isso pode significar e se tudo realmente já está perdido para Trump. Ou será que ele ainda pode virar esse jogo?

As pesquisas de intenção de voto para o próximo presidente dos Estados Unidos vêm mostrando desvantagem para o atual presidente Trump. Joe Biden, do partido Democrata, aparece com 50% das intenções de voto, enquanto o Republicano Trump tem 36%. São 14 pontos à frente, segundo pesquisa do New York Times em parceria com o Siena College.

Essa pesquisa aponta que Biden teve vantagem nos votos das mulheres e dos eleitores não-brancos, além de algumas conquistas dentro de alguns grupos tradicionalmente republicanos que estão insatisfeitos com a postura de Trump diante da pandemia.

Segundo uma pesquisa da Reuters em parceria com a Ipsos, 37% dos americanos aprovam a maneira como Trump reagiu à crise, enquanto 58% desaprovam. É o menor nível de aprovação desde que a pesquisa começou a ser feita.

Isso quer dizer que Trump já é carta fora do baralho?

As pesquisas que apontam Biden à frente de Trump representam uma tendência momentânea de intenção de voto popular. Assim, até a eleição marcada para três de novembro, essa tendência pode mudar.

Além disso, como o voto nos Estados Unidos não é obrigatório e vence o candidato com maior número de colégios eleitorais (não necessariamente o candidato com o maior número de votos, como no Brasil), essa diferença pode não ser suficiente para determinar o próximo vencedor.

Como a crise de saúde pública global ainda não teve seu fim definitivo e novos ciclos de fechamento do comércio e dos espaços públicos não podem ser descartados, os candidatos Joe Biden e Donald Trump sequer sabem como serão suas campanhas para as eleições desse ano.

Dessa maneira, ainda há muita incerteza na corrida eleitoral dos Estados Unidos e tem que ser levado em consideração que normalmente o presidente em exercício tem mais facilidade para conseguir ser reeleito, de modo que é muito cedo para cravar quem será o próximo presidente americano.

Como é o voto nos EUA?

Diferente do Brasil, onde o que vale é o número de votos absolutos, a decisão pelo próximo presidente americano se dá via votação indireta. O que define o vencedor é o número de delegados conquistados por colégio eleitoral.

Há 538 delegados no total e vence o candidato que tiver a votação de metade dos delegados mais um (270 delegados).

Se um candidato consegue mais votos das pessoas em um estado, consegue o apoio dos delegados do mesmo estado. Mas o número de delegados varia de estado para estado.

Além disso, como o voto nos Estados Unidos não é obrigatório (outra diferença em relação ao Brasil), é possível ser eleito com maioria dos delegados, mesmo que com a minoria dos votos populares, pois a vitória pode ocorrer em um estado com mais delegados, a despeito do número de pessoas que foram às urnas.

Há outros assuntos importantes

Além de vários outros assuntos importantes, questões como o problema de saúde pública global e a válida discussão do aspecto racial e social que vem sendo considerados nos Estados Unidos (e que ganhou o mundo com a #BlackLivesMatter) parecem mudar o jogo político e dar um novo impulso ao partido democrata, rival do partido republicano de Trump, nas eleições presidenciais desse ano.

A mobilização do voto negro é determinante para qualquer candidato. Com o voto não obrigatório nos Estados Unidos, estudos apontam que as eleições nas quais as taxas de participação dos negros foram altas, os democratas ganharam força. E a atual conjuntura deverá elevar a mobilização por Joe Biden, candidato democrata adversário de Trump, que está de olho nisso.

Pautas de inclusão social e redução da desigualdade normalmente encontram maior eco no Partido Democrata, que deve se fortalecer em detrimento do partido de Trump. Essas questões estão em alta principalmente desde o começo da pandemia, que deixou muito mais evidente a distância de condições entre os mais ricos e os mais pobres.

E se Trump perder as eleições?

Mesmo que o resultado das eleições ainda seja muito incerto, a derrota de Trump poderia significar uma derrota também de outras estratégias adotadas pelo atual presidente americano, como a intensificação das tensões comerciais com a China, ou mesmo sobre o fim do relacionamento entre os Estados Unidos e a OMS, apenas para citar alguns exemplos.

Não é possível determinar quais seriam as posturas adotadas pelo possível novo presidente, mas certamente significariam um novo rearranjo político global, principalmente para governos de países que se mostraram mais alinhados ao atual presidente Donald Trump, como é o caso do Brasil.

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