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O TikTok pode acabar! Entenda por que querem proibir o aplicativo

César Esperandio

27/07/2020 18h20

O TikTok é a rede social que mais cresceu ultimamente. Mas esse crescimento pode estar com os dias contados.

O governo dos Estados Unidos ameaça proibir o uso do aplicativo de edições rápidas e compartilhamento de vídeos curtos em território americano sob a acusação de que o TikTok fornece dados dos usuários ao governo chinês.

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. E, neste artigo, bem como no vídeo acima, no qual respondo a perguntas ao vivo sobre o tema, vou traduzir porque querem banir o TikTok e quais as chances de isso acontecer.

Hoje cedo, estava ouvindo um podcast da Folha, chamado Café da manhã, que fala sobre o aplicativo estar na mira do governo americano. E isso me inspirou a pesquisar mais sobre o tema.

O TikTok conta com usuários em praticamente todos os países e já ultrapassou a marca de dois bilhões de downloads, até então alcançado apenas por redes sociais como Facebook, WhatsApp e Instagram.

Qual é o problema com o TikTok?

Embora não haja nenhuma evidência de que os dados dos usuários do TikTok sejam enviados de fato para o governo chinês, e não possamos afirmar nem que sim e nem que não, essas acusações também parecem ter uma motivação diplomática.

A relação entre Estados Unidos e China tem deteriorado recentemente, com piora mais acentuada no período pós crise de saúde pública global, quando alguns líderes passaram a acusar a China de ser a responsável por toda essa confusão.

De todo modo, antes disso, as relações entre as principais potências do mundo já estavam tensas por conta de alguns fatores que envolvem o forte crescimento da economia chinesa, que já figura entre os países mais ricos do mundo, e outras acusações de desrespeito à propriedade intelectual, além de práticas de intervenção cambial para favorecer as exportações chineses.

Traduzindo, há acusações de que a China enriqueceu muito rapidamente com práticas como manipulação de sua moeda para que seus produtos tenham vantagem de preço sobre concorrentes de outros países, além de o governo chinês também ser apontado como muito tolerante às práticas da indústria chinesa de copiar tecnologias importadas que custaram muito para serem desenvolvidas, somada à caricata fama de paraíso dos produtos falsificados.

Os reflexos desses incômodos têm sido vistos não apenas em retaliações vindas dos Estados Unidos, como o fechamento de um consulado chinês em território americano, sobretaxação aos produtos importados da China, mas também com criação de barreiras em negócios com marcas chinesas, tal qual a Huawei, que pode ser seguido pelo TikTok.

Essa tensão entre os dois países já tem sido chamada de Guerra Fria 2.0, remetendo ao conflito não armado entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos.

Quem mais quer barrar o TikTok?

Para além dos Estados Unidos, a Índia, que tem uma das maiores bases de usuários do aplicativo, também adotou postura similar, ameaçando banir o TikTok do país, com mais uma semelhança: também há uma briga política, com confusões marcadas por agressões militares na fronteira entre os dois países, que já registrou até mortes entre militares na região do Himalaia.

A Austrália também aumentou as retaliações contra a China depois do crescimento de tensões entre líderes políticos de ambos os países, com tentativas de se iniciar uma investigação por negligência do governo chinês no início da crise de saúde pública recente. E mais uma vez alguns políticos australianos também pedem a proibição do TikTok no país.

O que o TikTok diz sobre isso?

O próprio TikTok afirmou em nota que o aplicativo conta com um CEO americano, ex-executivo da plataforma de streaming Disney+, e que armazenam todos os dados dos usuários americanos do TikTok dentro dos Estados Unidos, com redundância de backup em Cingapura. Além disso, afirmaram que os data centers da rede social estão localizados totalmente fora da China e nenhum dos dados está sujeito às leis chinesas.

O TikTok afirmou ainda que nunca forneceram dados dos usuários ao governo chinês e nem fariam isso se a China pedisse.

Notícias de mau uso dos dados dos usuários não são novidade no universo das redes sociais. Recentemente, a Cambridge Analytica esteve no centro de um escândalo por ter utilizado indevidamente dados dos usuários do Facebook para influenciar a opinião de eleitores e ajudar políticos a vencerem eleições.

É difícil para os usuários conseguirem tirar essa nuvem de fumaça diplomática da frente para enxergarem se seus dados correm perigo no TikTok e outras redes sociais ou se apenas estão sendo peças no xadrez político mundial.

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