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Pensando em sair do emprego? 4 dicas para a independência financeira

Yolanda Fordelone

11/08/2020 04h00

Para você que caiu de paraquedas neste artigo, eu sou Yolanda Fordelone, economista do Econoweek, a tradução da economia, e nos últimos dias contei no Instagram que chegou o meu dia de me dedicar 100% ao canal e coluna do UOL. Por lá, comentei que um dos passos fundamentais para tomar a decisão foi ter guardado dinheiro suficiente para ter liberdade de emprego, mais especificamente o equivalente a sete anos de gastos.

Quando falamos em independência financeira logo miramos na linha de chegada: o momento em que você passa a viver somente da renda dos investimentos. Nos esquecemos, porém, que existem algumas etapas antes disso.

Depois da independência de dívidas (a situação em que você não depende mais de cheque especial, cartão de crédito ou outros créditos para fechar o mês) e dos ciclos salariais (não depender do ciclo de 30 dias para fechar as contas), a liberdade de emprego é o próximo passo. Ela ocorre quando você guarda e investe uma quantia suficiente para te deixar tranquilo caso perca o emprego ou mesmo resolva tentar algo novo, como uma nova faculdade ou profissão.

Se quiser entender cada uma dessas etapas, sugiro outro conteúdo do início do canal que fala sobre independência financeira. No vídeo acima, bem como neste artigo, o assunto vai girar em torno de quatro boas mudanças de rotina que apliquei para conseguir guardar mais dinheiro e mudar de carreira.

1. Aumentar a renda

Quando falamos em economizar e investir, pensamos muito em corte de gastos, mas é fundamental também olharmos para a outra ponta: a da renda. Minha sugestão: tente aumentá-la.

E você pode fazer isso de diversas maneiras. Há caminhos menos sustentáveis, uma vez que você não poderá fazer isso sempre, como vender itens que não usa. Exemplos não faltam: roupas, tênis, livros ou mesmo o carro. Você ainda pode ir para o caminho de buscar rendas mais recorrentes, como trabalhos temporários, ser freelancer, cuidar de cachorros pelo DogHero, alugar seu carro pela Moobie, entre outras alternativas.

Eu optei pelo caminho de ter dois empregos, três na verdade. Além do Econoweek, dei aula em faculdade e trabalhava CLT como relações públicas. Não era uma rotina fácil, mas extremamente gratificante.

2. Estabelecer limite de gastos, inclusive aqueles relacionados a prazer

Tinha um combinado comigo mesma de gastar 5% da minha renda com itens não necessários, como roupas, sapatos, maquiagem e outros. Com isso, aprendi a dizer não porque tinha um foco bem claro de juntar dinheiro.

Você não precisa ser tão radical, mas é interessante colocar limites para aplicativos de transporte como Uber, para as saídas de fim de semana, para as compras e para todos os gastos que nos dão prazer ou conforto no curto prazo, mas que se exagerados podem ser danosos para seus planos.

Há até uma regra que fala que 30% da sua renda poderia ser direcionado a gastos não essenciais.

3. Ter planilha

Você já deve estar cansado de ler e ouvir, mas não tem saída. Todo educador financeiro irá recomendar o uso de planilha e, de fato, ela é uma ferramenta poderosa na hora de planejar gastos.

A recomendação é usar a planilha não só como retrovisor, olhando para os gastos que já passaram, mas também como luneta, enxergando o que está por vir. Assim, anote os gastos que já ocorreram, mas também aqueles do cartão de crédito ou futuros débitos, pois já são compromissos assumidos. Você já não pode contar com esse dinheiro em nenhum dos dois casos.

Hoje em dia há muitas opções de planilha em aplicativos e você ainda pode recorrer ao Excel ou caderno. Cada pessoa opta pela melhor ferramenta e pela maneira de atualizá-la.

Eu prefiro usar uma planilha no Google Drive, no próprio celular, porque logo que eu tenho o gasto já o anoto. Lembre-se de colocar essa atualização na sua rotina, seja separando alguns minutos por dia ou uma hora da semana.

O importante é você ter esse painel da sua vida financeira.

4. Fazer sempre conta de divisão e multiplicação

Calma que as contas não são difíceis. Há dois cálculos que eu passei a fazer que me ajudaram muito a dizer não.

O primeiro é sobre quanto eu ganho por hora. Se você é CLT, é mais fácil. Basta dividir o salário líquido, ou seja, o dinheiro que de fato cai na conta, por 176 no caso de quem trabalha 8 horas por dia ou por 132 se você for estagiário e trabalhar 6 horas por dia. Isso considerando um mês comum de 22 dias úteis.

Se você ganha R$ 4 mil por mês, por exemplo, líquidos, significa que sua hora está valendo R$ 22,73.

Ao saber quanto ganha por hora, automaticamente também calculará quanto o valor da compra te custa em horas de trabalho. Pode até resolver adquirir o item ou serviço, mas pensará duas vezes e irá dar muito mais valor a ele. A conta também ajuda a precificar o valor do seu trabalho como freelancer.

O segundo cálculo, de multiplicação, é o do custo anual. Nos últimos anos, explodiram clubes de assinatura de livros, de cerveja, de queijos, de maquiagem, além de streamings como Netflix e Spotify. Faça a conta anual se estiver em dúvida de assinar: R$ 50 por mês de uma assinatura custam R$ 600 em um ano.

A conta pode ser aplicada também para despesas que não são assinaturas. Alguns exemplos são a tarifa com cartão de crédito e os gastos mensais com restaurante.

Não significa que você precisa cortar todos esses gastos, mas você pode passar a selecionar quais deles vai manter na sua rotina.

Desafio

Na coluna de hoje te trago um desafio. Pegue um papel ou um caderno e anote uma ou duas dessas quatro mudanças que você vai começar a fazer nesse próximo mês.

Tente colocar detalhes. Por exemplo, se for buscar renda extra, anote o que vai tentar fazer, em quais sites vai se inscrever, quais pessoas vai procurar para conversar e tentar algo etc.

Não é indicado você começar com todas as mudanças ao mesmo tempo para não ser algo tão radical que você não consiga sustentar.

Você tem planos de atingir a liberdade de emprego? Já aplicou algumas das técnicas? Conte nos comentários ou fale com a gente no nosso canal do YouTube, Instagram e LinkedIn. Também é possível ouvir nossos podcasts no Spotify. A gente sempre compartilha muito conhecimento sobre economia, finanças e investimentos. Afinal, o conhecimento é sempre uma saída!