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Inflação em alta: como se proteger do aumento de preços?

Yolanda Fordelone

08/09/2020 18h20

Quem foi ao mercado nesta quarentena (e não foram poucas vezes, pois estamos cozinhando e comendo mais em casa) tomou um susto com os preços recentes. O pacote de cinco quilos de arroz chega a custar R$ 40 e a inflação já dá sinais de aceleração. Especialistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus, inclusive, têm aumentado a perspectiva para a alta de preços neste ano: agora a projeção está em 1,78% e não mais 1,63% como há quatro semanas.

Para o consumidor comum resta a dúvida: o que fazer diante dessa alta de preços que atinge itens tão básicos? Na coluna de hoje, eu, Yolanda Fordelone, economista do Econoweek, reúno algumas ações que podem ser tomadas no curto e no longo prazo para proteger o bolso.

E quanto está a inflação?

Tanto a inflação sentida pelo consumidor quando pelo produtor se acelerou nos últimos meses, desde junho. No caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a última divulgação mostrou uma inflação de 0,36% em julho. Pode parecer pouco, mas esse é o maior resultado para um mês de julho desde 2016 (0,52%). Além disso, em junho, o indicador havia ficado em 0,26% depois de dois meses (abril e maio) de queda.

Para o produtor, o cenário não é diferente. A reabertura da economia mundial aliado a uma situação de real desvalorizado frente ao dólar estimula as exportações brasileiras, sobretudo para a China. Em outras palavras, a demanda por nossos produtos aumentou. Não falo só de alimentos como arroz e soja, mas também de matérias-primas como o ferro, que no fim é transformado em aço e serve de insumo para a produção de bens duráveis como fogão e automóveis.

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), um dos índices que tem um peso grande no acompanhamento de preços aos produtores (60%), subiu 3,87% em agosto contra alta de 2,34% em julho. Em 12 meses, o acumulado da alta de preços está em 15,23%.

Perguntas que ainda pairam no ar

A inflação pode ser causada principalmente por duas frentes: a inflação de produção e a de demanda. No caso recente brasileiro, percebemos as duas. Diante disso, economistas levantam algumas perguntas:

  • A inflação continuará a se acelerar nos próximos meses?
  • Podemos estourar a meta de 4% do IPCA em 2020?
  • O quanto dessa alta de outros itens básicos além de alimentos (como o minério de ferro e aço) também aumentarão o valor de bens finais vendidos ao consumidor?
  • Viveremos um cenário de estagnflação (estagnação ou recessão mais inflação), dado que as projeções para o PIB falam em uma queda de mais de 5% para este ano?

Do lado do consumidor, o que resta é se proteger (ou ao menos tentar) da alta de preços. Abaixo, algumas atitudes que podem ser tomadas no curto e no longo prazo:

Consumir itens de outras marcas e da época

Como alimentos têm um peso em 20% na cesta média do brasileiro dentro do IPCA, é importante ter uma atenção especial às compras no mercado. Duas atitudes podem ser tomadas: substituir marcas para testar produtos mais baratos e trocar o consumo por itens que não tiveram altas tão expressivas. Enquanto o pepino subiu quase 25% neste ano, o tomate, por exemplo, acumula queda de 0,5%.

Aumentar a pesquisa de preços

Esta atitude é válida não só para itens do mercado como para compras de outros itens. No mercado especificamente, acompanhar as páginas e aplicativos das varejistas e recorrer a aplicativos de comparação de preço, como o Meus Preços.

Apagar as luzes

Quem paga a conta mensal de energia sempre percebe quando há alguma mudança e neste ano houve bastante. Os preços começaram a se acelerar desde junho e o item foi um dos responsáveis pelo resultado do IPCA em julho. O item energia elétrica subiu 2,59% em julho e, das 16 regiões pesquisadas no IPCA, 13 tiveram aumento, por conta de reajustes tarifários em várias capitais do país.

Apagar as luzes e trabalhar em ambientes claros para não ter a necessidade de acender lâmpadas durante o dia ajudam na tarefa de economizar.

Tentar corrigir a renda pela inflação

Quem é trabalhador assalariado tem o salário corrigido anualmente pela inflação e acordo sindical. Se você é autônomo considere repassar pelo menos parte deste aumento para o preço do seu serviço ao longo do tempo. Não é indicado fazer isso mensalmente porque se não você pode contribuir para termos mais inflação ainda no curto prazo e seu cliente perde o parâmetro de preços de quanto você cobra.

Atrelar parte dos investimentos à inflação

No mundo dos investimentos há opções como os títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA, títulos privados como debêntures e ainda fundos que corrigem o dinheiro investido de acordo com a inflação mais um juro real. No longo prazo, fazem com que você não perca o chamado "poder de compra": no futuro, conseguirá comprar os mesmos itens que conseguiria agora e não menos que isso, mesmo que os preços subam.

Utiliza outra técnica para se proteger? Conte nos comentários ou fale com a gente no nosso canal do YouTube, Instagram e LinkedIn. Também é possível ouvir nossos podcasts no Spotify. A gente sempre compartilha muito conhecimento sobre economia, finanças e investimentos. Afinal, o conhecimento é sempre uma saída!