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Multimilionário, investidor Ferri deixa TC e diz que entrará na política
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Um dos mais ruidosos personagens da Faria Lima, o investidor Rafael Ferri deixou o TC, uma plataforma para investidores que fundou em 2016, para ingressar na carreira política nos próximos anos.
Fã declarado de Paulo Guedes (de quem mandou fazer uma estátua em tamanho real com uniforme de Mandalorian, da saga Star Wars), o investidor disse que já tem convites de alguns partidos e ainda não tomou a decisão sobre o destino nem sobre a que cargo deve concorrer.
"O Brasil realmente precisa de mais políticos de direita", disse Ferri ao UOL na noite desta quinta-feira (9). Na campanha do ano passado, ele foi um dos mais vocais defensores da reeleição de Jair Bolsonaro. Gaúcho radicado em São Paulo, ele tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram.
Na entrevista, ele disse que já estava fora do cotidiano das operações do TC desde o segundo semestre do ano passado, dedicando-se mais a questões de comunicação. Segundo ele, a decisão de sair da empresa se deve a um cansaço acumulado ao longo de uma trajetória de 30 anos no mercado.
Pelo anúncio feito ontem, as ações detidas por uma companhia de Ferri (que representam pouco mais de um quarto do TC) estão sendo negociadas com "investidores estratégicos e/ou financeiros".
Valores envolvidos estão sob sigilo. Mas, para efeito ilustrativo, um naco de quase 75 milhões de ações, o montante de Ferri, fechou o dia de ontem valendo R$ 104 milhões.
Antes disso, pretende dedicar-se a um programa de entrevistas na TV: "Fiz uma entrevista com o Tarcísio [Gomes de Freitas] quando ele se lançou para o governo de São Paulo que teve mais de 5 milhões de views no YouTube, acho um bom formato. Agora quero estar numa TV com audiência".
Queda de 85% desde o IPO
Ferri surgiu como um fenômeno de comunicação em lives em redes sociais que reuniam cerca de 20 mil pessoas simultaneamente, falando de investimentos. Ficou famoso o bordão "Conga é R$ 10, Vara é R$ 20 e Bradesco é R$ 30", sobre o preço que ele projetava para as ações dessas empresas.
Sua projeção pública foi essencial para alavancar o Traders Club, que depois mudou de nome para TC. Foi a popularidade de Ferri que fez a plataforma surfar na onda da entrada de milhões de CPFs na Bolsa.
No dia em que foram negociadas pela primeira vez, em julho de 2021, as ações saltaram de R$ 9,50 na abertura para um pico de R$ 13,21. Dezoito meses depois, no dia em que Ferri anunciou sua saída da companhia, o papel fechou em R$ 1,39.
A empresa, que estreou na Bolsa avaliada em R$ 2,7 bilhões, fechou o dia de ontem valendo R$ 389 milhões —uma perda de valor de 85%.
"Se o mercado todo estivesse subindo e só o TC caindo, aí sim poderia haver um problema, mas não é isso que está acontecendo. Setenta ou 80 empresas listadas na B3 caíram muito com esse ciclo de alta de juros", disse.
Acusações e brigas com Empiricus
Um dos momentos mais conturbados do TC ocorreu em julho do ano passado, quando surgiu um vídeo apócrifo em que uma mulher maquiada de palhaça fazia acusações contra a empresa.
No vídeo, o TC foi acusado de manipulação de mercado, com a prática de "front runner" (comprar uma ação com pouca liquidez primeiro e depois recomendar aos demais investidores para inflar artificialmente o preço do papel) —o que é ilegal. E também faz insinuações de que a empresa seria leniente com o que seriam 17 casos de assédio sexual e até uma acusação de estupro. Não só o TC negou o teor do vídeo como acusou uma outra empresa de tê-lo produzido para destruir sua reputação.
O vídeo foi o estopim para uma briga pública entre o TC e a Empiricus, outra empresa que ganhou notoriedade nos últimos anos pelas estratégias agressivas para a venda de relatórios de análise para investidores. A empresa dona da Empiricus e também da Vitreo, uma gestora de investimentos, foi comprada pelo BTG Pactual em 2021.
Pedro Albuquerque, o presidente do TC, acusou Felipe Miranda, fundador da Empiricus, de estar por trás do vídeo apócrifo com as acusações para supostamente lucrar com a queda no preço das ações da empresa. Em ocasiões anteriores, a Empiricus negou envolvimento. O caso é objeto de um inquérito da Polícia Federal, que corre em sigilo.
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