Graciliano Rocha

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Reportagem

Prejuízo da Cosan com venda de ações da Vale pode chegar a R$ 5 bilhões

O prejuízo da Cosan, conglomerado liderado por Rubens Ometto, com a venda de ações da Vale pode chegar a um valor próximo a R$ 5 bilhões, conforme apurou a coluna com pessoas com conhecimento do assunto.

A Cosan começou a montar posições na ex-estatal, uma das maiores exportadoras de minério de ferro do mundo, entre setembro e outubro de 2022, atingindo 6,5% do capital votante da companhia.

As ações foram compradas pela Cosan em uma série de operações tanto no mercado à vista quanto através de derivativos (instrumentos financeiros baseados no valor futuro de um ativo).

Durante aqueles dois meses de 2022, as cotações da Vale oscilaram entre um piso R$ 62,92 e um teto R$ 75,50 no mercado à vista.

O conglomerado de Ometto, um dos homens mais ricos do Brasil, já havia vendido uma parte das ações adquiridas em 2022 e, nesta quinta (16), vendeu, em leilão, as mais de 173 milhões de ações remanescentes a um valor na casa dos R$ 52,30.

O lote equivale a 4,05% do capital da Vale e pôs R$ 9 bilhões no caixa da Cosan.

Segundo noticiou o Brazil Journal, a Cosan pediu propostas ao JP Morgan, Bank of America e Itaú na noite de quarta (15) para a operação de venda das ações. O JP Morgan garantiu a venda ao menor desconto dos três, conforme a publicação.

O prejuízo poderá ser deduzido no imposto de renda - não imediatamente, mas no futuro porque os números ainda estão em apuração -, mas vender as ações da Vale agora foi classificado como uma "decisão difícil, mas necessária" por uma fonte que falou com a coluna.

O juro alto fez Ometto bater o martelo da venda. O próprio empresário disse, em nota, que a Vale é "um ativo extraordinário", elogiou a atual gestão da companhia, mas atribuiu a decisão de vender ao compromisso de "disciplina financeira" de seu grupo.

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R$ 9 bi para reduzir dívida

Todos os R$ 9 bilhões serão usados para diminuir o endividamento da Cosan. A alavancagem deve ser reduzida dos atuais R$ 23 bilhões para R$ 14 bilhões.

Uma grande parte dessa dívida tem um custo anual entre 15% e 16% - o que permitirá eliminar, em uma tacada, do pagamento de até R$ 1,5 bilhão em juros nos próximos 12 meses.

Ometto elogiou a atual gestão da Vale, mas vendeu as ações em um momento em que as ações da mineradora perderam um quarto de seu valor desde janeiro do ano passado e que tem suscitado ceticismo do mercado quanto a possibilidade de recuperação no curto prazo.

Teoricamente, o preço de tela do minério de ferro - negociado na casa de US$ 100 a tonelada - é bom, mas o mercado está coalhado de incertezas sobre a economia da China, principal destino das exportações da Vale.

Reportagem

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