52% dos usuários de bets apostam de novo para tentar recuperar perdas

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O perfil típico do apostador de bets no Brasil é jovem, dois terços deles são homens das classes sociais C e D/E. A maioria pertence à geração Z (16 a 28 anos) ou aos millennials (29 a 43 anos), com maior concentração no Sudeste e Nordeste do país.
Quase metade dos apostadores tem dívidas em atraso e apresenta níveis elevados de estresse financeiro. Em média, o apostador gasta cerca de R$ 216 por mês em aplicativos de apostas, utilizando essas plataformas ao menos uma vez por semana.
Os dados fazem parte da 8ª edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em parceria com o instituto Datafolha. Íntegra do estudo pode ser lida aqui.
O estudo traça um panorama do comportamento da população brasileira sobre investimentos e tem um capítulo dedicado às plataformas de pesquisas online.
Os principais achados da pesquisa em relação a bets:
52% tentam recuperar perdas apostando novamente
Mais da metade dos que perdem dinheiro em apostas fazem novas apostas tentando recuperar o valor perdido. Esse comportamento é um indicativo clássico de perda de controle, agravando ainda mais o risco de endividamento e vício.
Quase metade dos apostadores está endividada
Segundo o levantamento, 47% dos brasileiros que apostaram têm dívidas em atraso. Isso demonstra que o perfil do apostador médio está mais associado a dificuldades financeiras do que à estabilidade.
2 em cada 3 apostadores sofrem estresse financeiro
Entre os apostadores, 66% relatam sentir alto estresse financeiro. A prática das apostas, somada à situação de endividamento, contribui para um círculo vicioso de instabilidade emocional e pressão financeira.
Pela metodologia da Anbima, o conceito de estresse financeiro designa a sensação de preocupação, ansiedade ou tensão relacionada a questões de dinheiro, como dificuldade para pagar contas, medo de não conseguir honrar compromissos financeiros, ou insegurança quanto ao futuro econômico pessoal.
A pesquisa mediu o estresse financeiro de duas formas: uma autoavaliação subjetiva, em que as pessoas davam uma nota de 0 a 10 sobre o quanto se sentiam estressadas em relação a dinheiro; e perguntas específicas para calcular, estatisticamente, o nível real de estresse financeiro de cada pessoa.
10% dos entrevistados têm propensão ao vício, segundo metodologia
Cerca de 3 milhões de brasileiros que apostam foram identificados com alta propensão ao vício em apostas, segundo novo índice desenvolvido pela Anbima. Esse grupo é o mais vulnerável a problemas financeiros e sociais
A Anbima desenvolveu um índice próprio para avaliar a tendência ao vício em apostas, baseado no padrão internacional chamado Problem Gambling Severity Index (PGSI)erar perdas apostando novamente, se já tomaram empréstimos ou venderam bens para apostar ou se sentiam culpa pela maneira como apostam.
24% dos apostadores afirmam também ter investimentos financeiros
A principal motivação para apostar é a expectativa de ganhos rápidos ou altos, enquanto o aspecto de diversão é secundário. O público que diversifica investimentos tem uma relação mais equilibrada com as apostas, mas no perfil "sem reservas" (quem não tem nenhum dinheiro guardado para emergências) a prática está mais associada a endividamento e falta de planejamento financeiro, segundo a Anbima.
Mais de 23 milhões de pessoas teriam apostado em 2024
Cerca de 23 milhões de brasileiros fizeram algum tipo de aposta em 2024. O dado mostra a forte penetração das apostas no cotidiano da população, refletindo o crescimento das plataformas de apostas no Brasil.
Caiu a percepção das apostas como investimento
Apenas 16% dos apostadores acreditam que apostas são uma forma de investimento, contra 22% no ano anterior. Essa queda indica maior consciência dos riscos envolvidos e um afastamento da ideia de que apostar seja um meio seguro de construir patrimônio.
Como foi feita a pesquisa: o Datafolha entrevistou 5.846 pessoas presencialmente em todas as cinco regiões do país, entre 4 e 22 de novembro de 2024, com 16 anos ou mais, abrangendo as classes sociais A/B, C e D/E
O estudo apresenta margem de erro de um ponto percentual para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. As amostras foram ponderadas conforme o Censo 2022 (sexo, idade e região), as classes sociais definidas pela ABEP 2021 e os padrões de escolaridade consolidados pelo próprio Datafolha.
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