Graciliano Rocha

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Reportagem

Roubo de Ozempic, Wegovy e cosméticos afetou lucro da Raia Drogasil

A Raia Drogasil informou que o aumento nos furtos a lojas começou a impactar de forma relevante a rentabilidade da companhia, com perdas associadas ao roubo de medicamentos de alto valor, como Ozempic e Wegovy, afetando diretamente a margem bruta de lucro. A rede não detalhou número de produtos roubados.

Durante teleconferência com analistas, o presidente da companhia, Renato Raduan, reconheceu que a escalada da criminalidade nas unidades da rede representa um risco material para o grupo, que é a maior varejista de farmácias do país.

No primeiro trimestre de 2025, a Raia Drogasil teve lucro líquido ajustado de R$ 177,1 milhões, com margem líquida de 1,6%. Isso representa uma queda de 60 pontos-base (0,6 ponto percentual) no primeiro trimestre, para 26,6%, sendo metade dessa queda atribuída a perdas com furtos.

"Nem eu nem ninguém aqui vai dormir achando que é normal navegar com 30 bps (0,3 ponto percentual) a mais de perda", disse Raduan. "É um dinheiro rasgado."

Os alvos principais são medicamentos para emagrecimento e dermocosméticos - itens de alto valor e revenda fácil no mercado paralelo.

Para conter as perdas, a empresa implementou um plano mais rígido desde o fim de 2024, incluindo a identificação física dos produtos ("este produto você só compra na Raia Drogasil") para desestimular a revenda de mercadorias furtadas.

A rede também voltou a usar barreiras de acrílico nos expositores de cosméticos e passou a limitar os estoques em loja de itens mais visados.

"Às vezes esse acrílico parece pouco, mas ele já evita que a pessoa passe e faça um arrastão", disse o executivo.

A redução do volume de estoque disponível, especialmente nas unidades paulistas, visa tornar as lojas menos atraentes para furtos em larga escala.

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A perda de margem ligada a furtos foi estimada em 30 pontos-base, compensada em parte por um ganho de 20 pontos-base relacionado a ajustes de inventário.

Embora o problema esteja mais concentrado no Sudeste, a companhia considera que o desafio é estrutural e reiterou o compromisso de reduzir o índice de perdas. "É óbvio que tem um plano de ação bastante robusto", afirmou Raduan.

Presente em todas as unidades do país, a companhia operava 3.301 unidades em todas as regiões do país, com 16,6% de participação de mercado no varejo farmacêutico nacional, segundo dados da IQVIA _ mantendo-se à frente dos principais concorrentes em escala e capilaridade.

No primeiro trimestre de 2025, a empresa registrou receita bruta de R$ 10,8 bilhões, um crescimento de 10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Do total da receita, R$ 2,2 bilhões vieram de canais digitais, com destaque para o aplicativo da companhia, responsável por 78% das vendas online.

A empresa tem 66 mil colaboradores, dos quais 13 mil farmacêuticos. O plano da companhia prevê manter o ritmo de expansão, com 330 a 350 novas farmácias previstas ainda em 2025.

Reportagem

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