Graciliano Rocha

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Reportagem

Por que o McDonald's está vendendo mais e faturando menos no Brasil

O McDonald's está vendendo mais no Brasil, mas essa alta não está se traduzindo em aumento de receita ou lucro para a empresa que opera a marca na América Latina, a Arcos Dorados.

No primeiro trimestre de 2025, cujo balanço foi divulgado hoje, a companhia viu suas vendas crescerem 2,9% no país em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, a receita em dólares caiu 10,8%, para US$ 400,3 milhões (R$ 2,24 bilhões). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), uma métrica para o fluxo de caixa, despencou 34,3%, para US$ 49,6 milhões (R$ 277,8 milhões) em relação ao mesmo período do ano passado.

O paradoxo é explicado, em parte, pela desvalorização do real e por pressões nos custos. O dólar médio do trimestre subiu quase 20% em relação a um ano antes, segundo a própria companhia — passando de R$ 4,95 para R$ 5,86. Isso ajuda a entender por que os números reportados em dólares mostram queda, mesmo com mais clientes entrando nas lojas.

Mas o câmbio não é o único fator. O McDonald's também enfrentou um aumento no custo da carne bovina e de outros insumos, além de uma mudança nas regras de royalties com a matriz americana. Com o fim de um incentivo de crescimento exclusivo para o Brasil, a taxa de royalties pagos ao McDonald's ficou 100 pontos-base mais alta, o que reduziu ainda mais a margem de lucro. O Ebitda caiu de 16,8% para 12,4% da receita no Brasil.

A empresa também mencionou que a recuperação do consumo fora de casa ainda é lenta. Apesar disso, a empresa afirma que o investimento em marketing deu resultado no Brasil: as campanhas do "Méqui do Dia", o retorno do McFish com batatas rústicas e as promoções ligadas ao Big Brother Brasil e ao Lollapalooza impulsionaram a adesão ao programa de fidelidade "Meu Méqui", que já representa 19% das vendas no país.

No agregado da América Latina e Caribe, a Arcos Dorados registrou receita de US$ 1,07 bilhão (R$ 6,02 bilhões) - praticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2024, com leve queda de 0,4% em dólares. O lucro líquido caiu 51%, para US$ 13,9 milhões (R$ 77,8 milhões), e o Ebitda recuou 16,2%, para US$ 91,3 milhões (R$ 511,3 milhões).

Na divisão, que inclui países Argentina, Uruguai e Equador, houve aumento de 38,7% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado.

No comunicado, a Arcos Dorados afirmou que o primeiro trimestre deve ter sido o "ponto mais fraco do ano" e aposta numa melhora gradual, impulsionada pela estratégia omnichannel, inovação no cardápio e maior penetração dos canais digitais — que já representam 60% das vendas totais, segundo a empresa.

Reportagem

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