O que explica o prejuízo de meio bi das Americanas, além da Páscoa em abril

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As Americanas encerraram o primeiro trimestre de 2025 com um prejuízo líquido de R$ 496 milhões, em mais um capítulo da sua lenta recuperação após a descoberta da fraude contábil que levou a varejista à lona, em 2023.
O desempenho contrasta com o mesmo período do ano passado, quando a empresa reportou um lucro de R$ 453 milhões — cifra inflada, à época, por receitas extraordinárias ligadas à execução do plano de recuperação judicial.
A receita líquida caiu 17,4%, para R$ 3,1 bilhões, impactada principalmente pelo descasamento do calendário da Páscoa, que em 2024 ocorreu no fim de março e, em 2025, foi celebrada apenas em abril - isto é, as vendas de ovos de chocolate e outros produtos do período só entrarão no balanço do segundo trimestre.
O lucro bruto recuou 27,6%, para R$ 891 milhões, com queda de 4,1 pontos percentuais na margem bruta. A companhia atribuiu esse recuo à ausência de efeitos não recorrentes registrados no ano anterior e ao deslocamento do principal evento sazonal do varejo no primeiro semestre.
O Ebtida ajustado, uma métrica de fluxo de caixa, ficou negativo em R$ 264 milhões, ante resultado negativo de R$ 16 milhões no mesmo período de 2024. Segundo a companhia, a piora se deve, além da Páscoa, a efeitos positivos pontuais contabilizados no primeiro trimestre do ano passado, como recuperação de verbas com fornecedores (R$ 75 milhões) e eventos tributários (R$ 50 milhões).
Apesar dos números negativos, a atual direção Americanas destacou medidas de cortes nos custos a fim de aumentar a eficiência. Segundo o balanço, despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), excluindo depreciação, caíram 10,9% em relação ao primeiro trimestre de 2024. As despesas administrativas representaram 6,4% da receita líquida, queda de um ponto percentual.
Para dar tração à estratégia comercial, a companhia tem fechado lojas deficitárias - foram 26 unidades encerradas no período.
Já o resultado financeiro foi negativo em R$ 200 milhões, pressionado pelos encargos das debêntures emitidas após a recuperação judicial, atreladas ao CDI e ao dólar, além de juros sobre arrendamentos.
A empresa reporta caixa e recebíveis de cartão de R$ 2,1 bilhões, contra uma dívida financeira bruta de R$ 1,8 bilhão, mantendo um colchão de liquidez modesto. Ainda assim, o fluxo de caixa operacional foi negativo em R$ 316 milhões, com queima de caixa de R$ 345 milhões no trimestre.
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