Graciliano Rocha

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Reportagem

Petrobras vai captar R$ 3 bilhões para megaprojetos de gás natural

A Petrobras iniciou uma nova emissão de dívida no mercado brasileiro com o objetivo de levantar até R$ 3 bilhões por meio da 8ª emissão de debêntures. Os recursos serão usados para financiar projetos ligados à ampliação da oferta de gás natural, com foco na infraestrutura do pré-sal e na exploração de novos campos na Bacia de Campos, na região Sudeste.

Segundo comunicado enviado ao mercado, a oferta foi registrada em 30 de maio junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob rito automático, e a liquidação das debêntures está prevista para 26 de junho. A operação conta com a coordenação de grandes instituições financeiras como UBS BB, Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e XP Investimentos.

O prospecto da emissão foi publicado pela companhia no site da CVM na madrugada de ontem.

Para onde vai o dinheiro

Os R$ 3 bilhões serão direcionados a dois grandes projetos classificados como prioritários pelo Ministério de Minas e Energia.

Projeto Integrado Rota 3 (PIR3): infraestrutura para escoamento e processamento de gás natural do pré-sal da Bacia de Santos. O projeto já criou cerca de 10 mil empregos e contará com R$ 1,01 bilhão dessa emissão, o equivalente a 34% da captação. A conclusão está prevista para dezembro de 2027.

Rota 3 liga o pré-sal da Bacia de Santos ao Comperj, em Itaboraí (RJ), com 355 km de extensão
Rota 3 liga o pré-sal da Bacia de Santos ao Comperj, em Itaboraí (RJ), com 355 km de extensão Imagem: Petrobras / Reprodução
  • O Rota 3 é uma infraestrutura da Petrobras destinada ao escoamento de gás natural do pré-sal da Bacia de Santos. O sistema é composto por 355 quilômetros de gasodutos -- 307 km em trecho marítimo e 48 km em trecho terrestre -- que ligam os campos do pré-sal ao Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), em Itaboraí (RJ), onde está localizada a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN Rota 3). A capacidade de transporte é de 18 milhões de metros cúbicos por dia.
  • O projeto teve início em 2016 e inclui a instalação de dutos em águas profundas e em áreas urbanas. O gasoduto chega à costa na praia de Jaconé, em Maricá (RJ), e atravessa os municípios de Maricá e Itaboraí. A finalidade é viabilizar o escoamento e o processamento do gás natural produzido no pré-sal, conectando a produção offshore à malha de transporte terrestre.

Projeto Raia (BM-C-33): exploração e produção de gás natural em consórcio com Equinor e Repsol Sinopec. O projeto, que tem início de produção previsto para 2028 e investimentos até 2050, receberá R$ 1,98 bilhão da emissão — cerca de 66% do total. A plataforma FPSO prevista terá turbinas a gás de ciclo combinado, com eficiência energética considerada de padrão mundial, segundo os documentos de emissão de dívida da Petrobras.

Mapa das áreas Raia Manta e Raia Pintada, áreas de desenvolvimento do Projeto Raia no bloco BM-C-33, operado por Equinor, Petrobras e Repsol
Mapa das áreas Raia Manta e Raia Pintada, áreas de desenvolvimento do Projeto Raia no bloco BM-C-33, operado por Equinor, Petrobras e Repsol Imagem: ANP / Reprodução
  • Está localizado no bloco BM-C-33, na Bacia de Campos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. O campo possui reservas recuperáveis de gás natural e óleo/condensado superiores a 1 bilhão de barris de óleo equivalente. A capacidade estimada de escoamento é de 16 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O consórcio responsável é formado por Equinor (operadora), Repsol Sinopec e Petrobras, com participações de 35%, 35% e 30%, respectivamente.
  • A produção será realizada por uma unidade flutuante (FPSO) equipada para processar o gás no mar. A plataforma utilizará turbinas a gás de ciclo combinado. O projeto prevê exportação de parte do volume e suprimento do mercado interno. O investimento total estimado para a fase atual é de US$ 9 bilhões, com início da operação previsto para 2028.
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Detalhes da emissão

Volume total: R$ 3 bilhões

Tipo de papel: debêntures simples, quirografárias, em até três séries

Classificação de risco: AAA.br pela Moody's Local

Incentivos fiscais: Lei 12.431/2011 (infraestrutura prioritária - gás natural)

Investidores-alvo: institucionais e não institucionais, com captação a partir de R$ 1 milhão

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