Por que um dos maiores bancos dos EUA está tão otimista com o Brasil

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O Bank of America (BofA), um dos maiores bancos dos Estados Unidos, está recomendando ativos brasileiros como sua principal aposta entre os mercados emergentes em 2025. O motivo é uma combinação de juros elevados, expectativa de corte da Selic e estabilidade cambial, que aumenta o apelo da renda fixa no país.
A avaliação foi feita por David Hauner, chefe de estratégia para renda fixa em mercados emergentes do banco, em entrevista à Bloomberg.
Segundo Hauner, os ativos dos países emergentes devem entregar retornos mais altos neste ano, impulsionados pela desvalorização do dólar. Dentro desse universo, o Brasil se destaca: é a principal escolha do banco no segmento de títulos de dívida soberana emitidos em moeda local.
A última vez em que a Selic, a taxa básica de juros fixada pelo Banco Central, esteve tão alta (14,75% ao ano) foi em agosto de 2006.
Na prática, isso significa que os títulos comprados agora oferecem retornos elevados e ainda têm potencial de valorização caso a taxa Selic recue — cenário em que a renda fixa tende a se beneficiar.
Funciona assim: quando a taxa básica de juros começa a cair, os títulos públicos prefixados ou indexados tendem a se valorizar no mercado secundário. Para o investidor estrangeiro, isso abre uma janela de oportunidade para ganhar em duas pontas: o chamado carry — ou seja, o rendimento elevado proporcionado pelos juros ainda altos — e a valorização do título à medida que os cortes se concretizam.
Esse otimismo com o Brasil vem mesmo após um primeiro semestre já forte para o mercado local.
De acordo com a Bloomberg, os títulos soberanos em moeda local do Brasil lideraram os ganhos entre emergentes, com alta de 20% até agora no ano. Hauner também observa que o real pode se beneficiar com a tendência de enfraquecimento do dólar, especialmente se os EUA reduzirem os juros ao longo do segundo semestre.
O histórico, no entanto, cobra cautela. "As pessoas ainda estão receosas porque já se queimaram com emergentes antes", disse o estrategista do Bank of America na entrevista à Bloomberg.
A visão do Bank of America se soma à de outras grandes instituições de Wall Street, como JPMorgan e Morgan Stanley, que também esperam uma desvalorização ainda maior da moeda americana, diante da provável queda dos juros, do enfraquecimento da atividade econômica e das persistentes incertezas nas políticas fiscal e comercial do país.
Esse cenário tende a favorecer países que oferecem retornos mais altos e riscos sob controle — caso do Brasil, ao menos na leitura dos grandes gestores globais, segundo a Bloomberg.
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