Enquanto Brasília debate MP, mercado aposta no petróleo; Petrobras dispara

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O Ibovespa encerrou a terça-feira (10) em alta de 0,54%, aos 136.436 pontos, embalado por um forte rali das ações da Petrobras (que ninguém previu), em meio ao alívio nos juros futuros e à expectativa de manutenção da Selic. A movimentação positiva refletiu tanto fatores domésticos — como dados de inflação abaixo do esperado — quanto sinais de menor aversão a risco no exterior.
As ações da estatal foram o destaque da sessão. Os papéis preferenciais (PETR4) fecharam em R$ 30,05 (+3,02%), enquanto os ordinários (PETR3) subiam 3,65%, a R$ 32,38. A disparada se deu em meio à valorização do petróleo no mercado internacional, alimentada pela queda na contagem de plataformas em operação nos EUA e pela leitura de demanda mais firme, apesar das incertezas macroeconômicas entre Estados Unidos e China.
Além da Petrobras, empresas do setor como PetroRecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3) também se beneficiaram do movimento, com altas de 3,35% e 1,49%, respectivamente. Mesmo com a ausência de novos dados sobre o comércio entre as duas maiores economias do mundo, o mercado físico da commodity mostrou sinais de aperto na oferta, reforçando o tom comprador no setor.
No cenário interno, o recuo dos juros futuros após a divulgação do IPCA abaixo do esperado por analistas reforçou o apetite por ações ligadas à economia doméstica. A curva precificou chance majoritária de manutenção da Selic na reunião do Copom já que o dado de inflação veio abaixo do esperado.
O índice chegou a subir mais de 1% no início da tarde, mas perdeu parte da força com a virada negativa dos bancos. A cautela veio da indefinição sobre o impacto das medidas para aumentar a arrecadação propostas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
Aumento de impostos
Entre as medidas propostas estão o aumento da alíquota sobre juros sobre capital próprio (de 15% para 20%), o fim da isenção total de imposto de renda para os chamados títulos incentivados e a reversão parcial do aumento de IOF sobre operações de risco sacado, que seria reduzido em até 80%.
O fim de isenção de Imposto de Renda recai sobre títulos como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) —a cobrança passará a ser de 5% sobre novas aplicações.
São iniciativas com potencial arrecadatório relevante e Haddad disse hoje que elas afetam unicamente o "andar de cima", mas a busca por novo aumento de tributação após o recuo do governo federal em subir alíquotas do IOF apenas reforça que a Fazenda depende de receitas extraordinárias para tapar buracos fiscais sem redução do gasto público crescente.
Como mostra essa reportagem do UOL, analistas são céticos quanto a esses efeitos limitados ao "andar de cima" pregados por Haddad. Os céticos afirmam que o fim da isenção pode encarecer atividades do agronegócio e do setor imobiliário, beneficiados por esses instrumentos.
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