Embraer fecha novas vendas para Japão e Portugal, e ação dispara na B3

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A Embraer começou a semana de abertura do Paris Air Show - o maior e mais tradicional salão da aviação do mundo - com dois anúncios positivos para seu portfólio de vendas: um lote firme de jatos regionais para a All Nippon Airways (ANA), do Japão, e uma nova aeronave de transporte KC-390 para a Força Aérea de Portugal. Ao mesmo tempo, sentiu o peso da concorrência europeia: a LOT, da Polônia, optou pelo A220 da Airbus, num movimento que marca uma derrota simbólica para os jatos brasileiros no Leste Europeu.
Realizado a cada dois anos no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, o evento reúne fabricantes, companhias aéreas, militares e investidores de todo o mundo. É um momento-chave para a indústria anunciar negócios, apresentar novas tecnologias e sinalizar as tendências que devem guiar o setor nos próximos anos.
A carteira da Embraer encerrou o primeiro trimestre com US$ 26,4 bilhões em pedidos — recorde histórico.
Somados, os anúncios da ANA e de Portugal podem adicionar até US$ 1 bilhão ao backlog. No jargão dos negócios da aviação, backlog é o termo usado para se referir à carteira de pedidos firmes ainda não entregues. O número não inclui as opções, pedidos adicionais que os compradores podem fazer no futuro, sob condições já negociadas.
As novas encomendas fizeram o valor da companhia disparar aqui: a ação da Embraer fechou o pregão de hoje na B3 cotada a R$ 69,99, uma alta de 5,34%.
Gols no Japão e Portugal
A ANA Holdings, controladora da companhia principal e da low-cost Peach Aviation, finalizou a compra de 15 Embraer 190-E2, com opção para mais cinco unidades, formalizando o acordo anunciado em fevereiro. As aeronaves serão usadas tanto em rotas domésticas quanto internacionais e farão da ANA o primeiro operador japonês da segunda geração de E-Jets.
Com preços de catálogo em torno de US$ 45 milhões por unidade, o pedido pode superar US$ 675 milhões antes dos tradicionais descontos. Para a Embraer, o contrato fortalece sua presença na Ásia, um mercado onde a demanda por voos regionais cresce mais rápido do que a disponibilidade de slots nos grandes hubs.
No setor de defesa, Portugal assinou a compra de um sexto KC-390 Millennium e abriu caminho para adquirir até dez unidades adicionais via um consórcio multinacional com parceiros da Otan. O novo cargueiro será entregue em 2029, enquanto o terceiro avião da encomenda original deve chegar ainda este ano.
A Força Aérea Portuguesa também opera o centro de treinamento global do modelo, em Beja, que já recebe tripulações da Holanda e da Hungria. Segundo o ministro da Defesa, Nuno Melo, a compra reforça o papel estratégico da indústria local na cadeia produtiva do jato, o que pode atrair outros países ao programa.
Derrota na Polônia
A maré teve um revés: a LOT anunciou a compra de 40 Airbus A220, com opção para mais 44, num negócio avaliado em cerca de US$ 3,5 bilhões. A decisão encerra uma longa preferência da empresa pelos jatos da Embraer e foi descrita como "estritamente financeira", embora tenha contado com forte presença de autoridades francesas e polonesas no anúncio.
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