Petrobras anuncia R$ 4,9 bi para ampliar capacidade de refinaria em PE
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A Petrobras assinou hoje os primeiros contratos para a retomada da construção do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, projeto que promete dobrar a capacidade da planta até 2029 e reforçar a posição da estatal no mercado de derivados de petróleo com maior valor agregado. O investimento inicial soma R$ 4,9 bilhões e está inserido no Plano Estratégico 2025-2029 da companhia.
A RNEST foi parcialmente inaugurada em 2014, apenas com o chamado Trem 1. A nova fase elevará a capacidade total da planta dos atuais 130 mil barris/dia para 260 mil barris/dia, tornando-a a segunda maior do país em capacidade de processamento, atrás apenas da Replan, em Paulínia (SP), segundo a atual direção da Petrobras.
Os contratos foram firmados com a Consag Engenharia (braço da Andrade Gutierrez) e envolvem três unidades: a Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), com capacidade de até 75 mil barris por dia; a Unidade de Hidrotratamento de Diesel S10 (UHDT-D), com 82 mil barris por dia; e a Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), com capacidade nominal de 130 mil barris/dia.
Segundo a Petrobras, a decisão de reiniciar o projeto se baseia em uma avaliação de viabilidade econômica à luz das premissas do novo plano de negócios, que prevê US$ 102 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos —com foco em óleo e gás, mas sem abandonar o refino e a transição energética. A companhia destaca que o projeto passou por todas as instâncias de governança.
Trata-se de uma guinada em relação aos desinvestimentos da companhia em ativos que não fossem de exploração e produção durante os governos Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2023).
Além da capacidade ampliada, a Petrobras espera ganhos de eficiência, aumento na oferta de combustíveis com baixo teor de enxofre e maior margem na venda de produtos refinados. O projeto também deve gerar cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos ao longo das obras, segundo a atual administração da estatal.
Ainda estão previstos outros pacotes de serviços complementares, que serão contratados em novas licitações, ainda sem detalhamento do valor total estimado do empreendimento nesta nova etapa. A expectativa é que as novas unidades estejam em operação até o fim da década.
Histórico de superfaturamento e corrupção
A Refinaria de Abreu e Lima carrega um dos legados mais controversos da história recente da Petrobras. Anunciada em 2005 com orçamento inicial de US$ 2,5 bilhões, a refinaria teve seus custos inflados para US$ 18 bilhões até 2015, quando apenas metade de sua capacidade foi efetivamente entregue.
A refinaria tornou-se um dos símbolos do escândalo investigado pela Operação Lava Jato, revelando um esquema de cartel entre empreiteiras e comprovando, por meio de provas como movimentações bancárias a partir de depoimento de delatores, pagamento de propina a dirigentes da estatal e operadores de partidos políticos em troca do superfaturamento de contratos.
As obras do Trem 2 foram interrompidas em 2015, após oito anos de execução, em meio ao avanço das investigações. A retomada das obras só ocorreu em janeiro de 2024, com Lula de volta ao Palácio do Planalto, encerrando um hiato de quase uma década que marcou Abreu e Lima como um dos ativos mais caros —e politicamente sensíveis— da estatal.
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