Graciliano Rocha

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Reportagem

Café: risco climático ameaça recuperação de estoques e bagunça o preço

O mercado internacional de café entrou em modo rivotril, com picos de ansiedade e pânico, com a volatilidade dessa semana: na segunda, os preços dos contratos futuros negociados em Nova York subiram 3,8% apenas com a previsão de risco de geada em zonas produtoras do Brasil (Paraná, São Paulo e extremo sul de Minas).

Hoje, esse tipo de contrato já caía 3,48% em Nova York às 11h (US$ 3,15 por libra), devolvendo parte da explosão da cotação no dia anterior.

Com estoques historicamente enxutos depois de duas safras brasileiras abaixo do potencial, qualquer sinal de frio reforça ordens de proteção e amplia a volatilidade (isto é, o sobe-desce abrupto das cotações).

A previsão dos principais serviços de meteorologia indica para a chegada de uma massa de ar polar com risco de geada nesta semana. A expectativa é de que o fenômeno seja menos severo que o registrado em 2021, quando a geada comprometeu a produção por três ciclos seguidos.

Ainda assim, o simples fato de o risco existir basta para a formação de prêmios climáticos, sobretudo em um momento de colheita retardada por chuvas frequentes e temperaturas baixas.

Relatório do Cepea/USP (Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo) mostra que a safra 2025/26 avança em ritmo aquém do habitual.

Segundo a entidade, que é responsável por alguns dos principais indicadores de preços do agronegócio brasileiro, a colheita da variedade arábica (a mais valorizada no mercado) está entre 7% e 30% dependendo da região, contra 40% a 45% por cento da variedade robusta/conilon, que tolera melhor o frio.

Além do fator climático, pesa a assimetria de oferta entre robustas abundantes e arábicas mais escassos. O Brasil deve colher safra recorde de conilon, enquanto a produção de arábica ficará abaixo da do ano passado. Vietnã e Indonésia apontam safras maiores, o que alivia parte da pressão de curto prazo, mas não o suficiente para recompor os estoques globais em horizonte curto.

Analistas afirmam que o mercado físico se mantém lento porque produtores, muito capitalizados graças aos recordes de preço da última safra, vendem menos agora à espera de preços mais altos.

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Já compradores esperam que a chegada do pico de colheita traga queda na cotação com a maior oferta.

Reportagem

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