Novo ciclo recessivo pode ser o mais profundo de todos, e também mais curto
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O que já se sabe sobre o inédito e brutal mergulho da economia no segundo trimestre de 2020, pela observação das tendências, está sendo confirmado pelos números efetivos dos indicadores de desempenho. Nesta segunda-feira (29), por exemplo, foram anunciados os resultados das contas do governo federal e os movimentos no mercado de trabalho formal. Nos dois casos, o tombo, em maio, foi o maior de toda a série histórica dos dois indicadores.
Além disso, segundo concluiu o Codace (Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos), órgão independente sediado na FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro), a economia voltou a entrar em recessão no primeiro trimestre desta ano, como era mais do que previsto. Como o período recessivo anterior, iniciado em 2014, encerrou-se em dezembro de 2016, se passaram apenas 12 trimestres até o retorno da economia ao terreno recessivo. Nesse intervalo, o crescimento foi tão baixo que a atividade econômica não recuperou inteiramente as perdas da recessão anterior.
O Codace não precisou seguir a regra popular de aguardar a confirmação de dois trimestres seguidos de recuo da atividade econômica para determinar a instalação de um novo ciclo recessivo. Não há dúvida de que o pico da atividade recente foi alcançado em dezembro de 2019, ainda que esse pico seja baixo. Desta vez, apesar de muito acentuado, o novo ciclo recessivo pode ser mais curto, com duração de 4 trimestres apenas, caso se efetivem as previsões de volta do crescimento já em 2021.
O estrago da pandemia no mercado de trabalho é gigante. Foram fechados, em maio, 330 mil posto de trabalho com carteira assinada, numa marcha forte que já acumula, desde o início de 2020, encolhimento do mercado em mais de um milhão de vagas de trabalho. Chama a atenção, ao lado das demissões, o fato de as admissões terem ficado quase 50% abaixo dos números de maio de 2019. Além de fechar postos, as empresas fecharam as portas das contratações com carteira assinada.
Essa é uma péssima notícia para as expectativas de recuperação da economia. O consumo, que é o grande puxador da atividade econômica, também é fortemente dependente do nível geral de ocupação. Em particular, os empregos formais, mais estáveis por sua própria natureza, são mais efetivos para a expansão do consumo.
O déficit nas contas do governo federal, em maio, até ficou abaixo das estimativas. Mas, para se ter uma ideia do tamanho do rombo, os R$ 126,6 bilhões negativos do mês passado superam, sozinhos, todo o déficit de 2019. A queda se deve, claro, aos gastos extraordinários com programas de sustentação de renda, como destaque para o auxílio emergencial de R$ 600.
Mas não se pode esquecer as prorrogações de pagamentos, caso dos tributos federais, e antecipação de benefícios, como o décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas da Previdência Social. De todo modo, o resultado negativo das contas do governo está relacionado com a queda forte e abrupta da atividade econômica.
As perspectivas para o segundo trimestre são de um recuo nunca visto no PIB (Produto Interno Bruto). O Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia) prevê queda de 12%, em relação ao primeiro trimestre. Confirmada a projeção, no primeiro semestre, a economia terá registrado um encolhimento histórico de quase 14%.
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