Atividade em julho reafirma recuperação condicionada ao auxílio emergencial
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Entre muitos estragos que causou, a pandemia também trouxe novas dificuldades para a análise dos eventos econômicos. O sobe e desce dos números, acompanhando, de certo modo, o abre e fecha da economia, na esteira do aumento ou contenção do contágio de Covid-19, passou a exigir cuidados redobrados na interpretação de suas causas e efeitos.
A variação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), de julho, calculado mensalmente pelo Banco Central, não foge à nova regra. O resultado, na série com ajuste sazonal, foi de uma alta de 2,1% sobre o índice de junho, abaixo das expectativas de mercado, que esperava alta de 3,4%.
Assim, de acordo com esse exame, a recuperação dos negócios, em julho, decepcionou. Sem ajuste, porém, a atividade econômica, com uma queda de 4,9% sobre o índice de julho de 2019, no mês, ficou acima das projeções, que estimavam queda de 5,4%.
Ocorre que, depois da divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre deste ano, o BC promoveu uma revisão dos dados da série do IBC-Br, na qual a queda no período abril-junho, ficou em 11,4%, um pouco menos intensa do que o recuo de 12% anteriormente divulgado. Essa revisão influenciou o processo de ajustamento sazonal, mudando os números efetivos.
Tudo pesado e medido, o IBC-Br de julho reafirmou uma tendência já estabelecida. Como efeito da flexibilização gradual do distanciamento social, de uma cada vez mais presente "fadiga do isolamento" e da demanda impulsionada pelo auxílio emergencial, a economia tem reagido positivamente, ainda que sem a tração necessária para superar a situação pré-pandemia.
A média móvel trimestral do IBC-Br, uma aproximação mais efetiva com a marcha do PIB, mostra que, em julho, houve avanço de 3,1% sobre junho, quando a atividade havia recuado 0,7%, em relação a maio. Este é o primeiro resultado do IBC-Br no campo positivo em quatro meses, mas ainda aponta contração de 6,5%, na comparação com fevereiro. Além disso, no acumulado em 12 meses, a queda de 2,9% é o pior resultado em quatro anos e meio.
Nada de muito diferente se espera para agosto e setembro. Para o mês passado, por exemplo, as projeções são de alta nas vizinhanças de 2% sobre julho e queda de 5%, na comparação com agosto de 2019. Setembro vai no mesmo diapasão. Retomada na indústria e no comércio, sobretudo no chamado comércio ampliado, que inclui veículos e material de construção, mas serviços ainda no terreno negativo. Um quadro que reflete o cenário de relaxamento do distanciamento e efeitos das transferências de renda. A permanência de incertezas dificulta a saída desse círculo de "recuperação condicionada".
Assim, expectativas são de recuperação no PIB do terceiro trimestre, na comparação com o segundo, mas sem avanço significativo, em relação ao mesmo período de 2019. Depois de cair perto de 12% no trimestre anterior, a economia vai recuperar parte desta perda subindo, de acordo com as previsões, entre 7% e 8%. No cotejo com o terceiro trimestre do ano passado, ainda retração de 5%.
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