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José Paulo Kupfer

REPORTAGEM

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Previsão também é de deflação em agosto, com alta menor em alimentos

09/08/2022 14h45

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A inflação mensal, medida pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculada pelo IBGE, recuou 0,68% em julho, em deflação ligeiramente maior do que 0,66% previsto pelos analistas. As projeções apontam nova deflação em agosto, em ritmo um pouco menor, mas com recuo mais acentuado na alta de preços de alimentos.

Para agosto, as projeções apontam deflação entre 0,1% e 0,2%. Enquanto é esperada menor influência do preço da gasolina e das tarifas de energia elétrica na variação baixista do IPCA, a expectativa é de que o preço do diesel, agora em queda, ajude a conter a inflação.

No mês de agosto, a alta de preços de alimentos, que ainda alcançou 1,3% em julho, não deverá, conforme as previsões, ultrapassar 0,8%. Mesmo assim, projetam-se, para 2022, altas ainda pesadas, em torno de 15%, para os alimentos. Confirmadas as projeções, a inflação no grupo dos alimentos alcançará o dobro da inflação geral prevista para o ano.

Com deflação acumulada em julho e agosto de pouco menos de 1%, as estimativas para a inflação em 2022 foram de novo revistas para baixo. Ganhou corpo uma tendência de convergência para uma variação menor do que 7%, no fechamento do ano. Em 2022, até julho, o IPCA aumentou em 4,77%, registrando alta de 10,07%, no acumulado em 12 meses, ainda em dois dígitos. A partir de agosto, estima-se que a variação do IPCA, no acumulado em 12 meses, já ficará abaixo de dois dígitos. Nas vésperas do primeiro turno das eleições, a inflação deverá estar rodando a um ritmo de 8% ao ano.

O recuo nos núcleos de inflação, que medem as variações de preço sem considerar movimentos ou eventos atípicos para o período analisado, é uma indicação de que a marcha da inflação entrou numa etapa de expansão em ritmo menos intenso. A média dos núcleos em julho recuou para alta de 0,58%, depois de subir 0,89% em junho.

Ao mesmo tempo em que as estimativas de inflação para 2022 recuam, as previsões para a alta de preços em 2023 avançam. Especialistas em acompanhamento da marcha dos preços estão elevando para 5,5%, com viés de alta, as projeções para 2023. No Boletim Focus, há um mês, as previsões para o ano que vem eram de alta de 5%.

Se a queda da inflação, a partir de meados de 2022, se deu por recuos em preços administrados — principalmente combustíveis e energia elétrica —, as projeções para 2023 apontam pressões nos preços livres, com destaque para serviços e bens industriais. Ainda que em níveis mais baixos, na comparação com o projetado para 2022, quando ambos deverão registrar alta em torno de 10%, são previstas elevações de preços importantes nos dois grupos, acima de 6%, no ano que vem.