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José Paulo Kupfer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mesmo com reajuste na gasolina, inflação deve recuar no 1º semestre

01/03/2023 15h57

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Em entrevista ao UOL, nesta quarta-feira (1), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a retomada parcial de tributos sobre os combustíveis "não é inflacionária". As projeções de especialistas em acompanhamento de preços, depois da volta de parte dos impostos retirados no governo Bolsonaro, confirmam a declaração de Haddad.

Projeções atualizadas indicam recuo da inflação nos próximos meses, não só nos índices mensais, como também na taxa de 12 meses. A alta prevista nos preços dos combustíveis tende a ser compensada pelo recuo de outros previstos, como os projetados para alimentos.

O que dizem as projeções?

O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, uma das maiores e mais influentes do mercado, técnico com larga experiência e referência brasileira em acompanhamento de preços, recalculou suas estimativas para março e meses seguintes, com base nos R$ 0,34 que passaram a incidir sobre os custos da gasolina e o R$ 0,02, no etanol. Nas suas contas, a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), neste mês, será de 0,74%, abaixo de 0,77% previsto anteriormente, considerando a reoneração completa dos combustíveis.

No acumulado em 12 meses, a nova projeção para março aponta alta de 4,61%, ante 4,64% na estimativa anterior. Se as projeções do Fabio Romão se confirmarem, a trajetória da inflação, no acumulado em 12 meses, será de queda até junho, quando a variação do IPCA alcançaria 3,5%. De julho em diante, a curva seria ascendente, fechando o ano com alta de 5,7%, no mesmo nível da previsão antes da reoneração parcial dos combustíveis.

André Braz, especialista em acompanhamento de preços do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas), calcula que, se forem repassados todos os R$ 0,34 da reoneração efetiva que passou a incidir nos custos da gasolina, o preço do litro, em relação à média nacional da última semana de fevereiro, de R$ 5,10, subiria para R$ 5,44. O reajuste expressaria alta de 6,25% e teria impacto de 0,32 ponto percentual no IPCA de março.

Postos praticam reajustes preventivos mais altos

Na quarta-feira, quando a reoneração passou a vigorar, consumidores relataram aumentos de até R$ 1 no preço do litro de gasolina, nas bombas. Como os preços de venda de combustíveis no varejo são livres, os postos estão praticando reajustes preventivos de preços.

A ver se conseguirão manter preços que lhes garantam margens acima das que repõem o aumento nos custos de comercialização com a volta parcial dos tributos. Redução de preço para distribuidoras — de 4% para gasolina e 2% para o diesel —, anunciada pela Petrobras em concomitância com a volta parcial de impostos, contribuiu para amenizar o impacto da medida nos preços e na inflação.