Depois do pânico, mercados moderam perdas e sinalizam apostar no bom senso
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Mesmo sem qualquer indicações de que o presidente americano Donald Trump recuará de sua guerra comercial contra o mundo, os mercados de ações ao que operaram nesta segunda-feira (7), pelo fuso horário ocidental, viveram uma sessão volátil, fechando com perdas menos pronunciadas do que indicavam as aberturas dos pregões. Nos Estados Unidos, as bolsas de valores recuaram menos de 1% e a queda, na bolsa brasileira, ficou em 1,3%, aos 125,5 mil pontos.
No mercado cambial brasileiro, a cotação do dólar, que começou o pregão com forte alta, aliviou um pouco a pressão ao longo do dia, fechando em R$ 5,91, com elevação de 1,3% sobre a sessão de sexgta-feira.
Pela manhã, o intenso movimento de vendas e de fuga ao risco prenunciavam mais uma segunda-feira sangrenta. Os índices das bolsas de valores despencaram, principalmente na Ásia, onde os pregões já estava fechados, e caíam forte na Europa. Índices futuros de ações, nos Estados Unidos, sinalizavam pesados recuos.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, abriu em queda de 1,5%, a 125 mil pontos, acumulando perdas de 7 pontos nos últimos sete pregões. A cotação do dólar, no mercado brasileiro chegou a atingir a máxima de R$ 5,93, parecendo caminhar para R$ 6..
O pânico nos mercados refletia as esperadas consequências da guerra tarifária deflagrada pelo presidente americano Donald Trump. Há grande convergência de análises apontando um futuro de recessão global com pressões inflacionárias disseminadas, se o comércio internacional embarcar numa nova onda protecionista.
A relativa moderação nas cotações ao longo do dia parecia indicar a expectativa de que quanto mais os mercados afundassem, mais Trump seria pressionado a aceitar uma pausa na imposição de tarifas às importações americanas, aceitando negociar taxações menores. Prevalecem, contudo, as incertezas sobre o comportamento dos mercados, nos próximos dias.
As suposições de que a guerra tarifária conduzirá a uma recessão global estão sendo rapidamente antecipadas nos mercados internacionais de commodities. O destaque são as quedas nas cotações do petróleo, que já há alguns dias vêm indicando a perspectiva de recuos na produção, com menor demanda pelo ainda relevante combustível dos motores da atividade econômica mundial.
As primeiras reações de Trump têm sido negativas, contudo, para os que especulam ser a política de imposição de tarifas uma estratégia para negociar novas condições comerciais com os países exportadores para os Estados Unidos. Até aqui, o presidente americano parece disposto a bancar perdas iniciais com sua disruptiva política, convicto de que conseguirá zerar os déficits comerciais americanos e recuperar o domínio da indústria americana — impulsionando, em consequência, empregos, investimentos e crescimento econômico.
Crenças neste círculo virtuoso, porém, não são compartilhadas nem mesmo por apoiadores de Trump. São quase unânimes as previsões de que a imposição de tarifas de importação contra o resto do mundo não será capaz de eliminar os déficits comerciais americanos, produzindo apenas uma dança global entre importadores e exportadores, com contração na atividade e elevação dos custos de produção, além de disseminar instabilidades econômicas e políticas.
Por isso, a suposta estratégia trumpista de forçar uma recessão para derrubar as taxas de juros e desvalorizar o dólar, reforçando o objetivo de reerguer a indústria americana, é considerada não só de altíssimo custo, como inconsistente.
À medida em que os índices, nos mercados financeiros e de commodities afundam, uma reação paradoxal, com base na especulação de que Trump recuará de sua aventura protecionista, ganha fôlego.
Ainda na manhã desta segunda-feira, circularam rumores sobre um relatório oficial, segundo o qual Trump daria uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas "recíprocas", diante do derretimento dos mercados. A Casa Branca não fez nenhum movimento na direção de sancionar essa ideia e Trump reforçou publicamente que não cederia.
Mas a hipótese, apesar das aparentes evidências em contrário, que reflete uma aposta em algum bom senso nesse tumulto, continua viva.
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