Inflação mostra trajetória baixista, mas deve ter um pico em agosto
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Fatores mais estruturais, como as taxas de juros bastante restritivas, que inibem a demanda, estão, lentamente, tirando força da inflação. Mas elementos pontuais, alguns como resultado de decisões políticas, continuam a influenciar a marcha dos preços.
A variação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), em junho, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (26), combinada com alguns eventos previstos para os próximos meses, dão suporte a afirmação acima. A inflação prévia do mês apresentou viés baixista, mas as expectativas ainda não contemplam uma trajetória consistente de queda.
Alimentação contribui
Nas projeções do economista Fábio Romão, da consultoria LCA 4Intelligence, com grande experiência em acompanhamento de preços, a inflação cheia de junho, que subiu 0,26% no IPCA-15, recuará para 0,2%. No acumulado em 12 meses, a variação do IPCA-15 registrou pequena queda em relação a maio, caindo de 5,4% para 5,3%, variação que deverá se repetir no IPCA cheio do mês, se as projeções de alta de preços no mês se confirmarem.
Essa redução refletiria, entre outras, contribuição positiva da variação de preços em alimentos no domicílio, para a qual o economista projeta deflação de 0,5%, no IPCA cheio de junho.
Ao longo do restante do ano, a alimentação ainda traria contribuição positiva em julho, com estabilidade, ou mesmo ligeira deflação, sobre junho, mas, nos meses seguintes, voltaria a apresentar variações de preços menos favoráveis. Previsões são de um pico em agosto e setembro, com altas em 12 meses acima de 9%, e recuo, no último trimestre, fechando o ano com variação de 7,3%.
Dólar ajuda
A marcha dos preços dos bens industriais também trouxe contribuição positiva para o IPCA-15 de junho. A inflação do grupo recuou de 0,41%, em maio, para 0,06%, em junho. O movimento baixista é resultado da redução gradual das pressões cambiais, com as quedas nas cotações do dólar.
Informações sobre um novo bônus da usina hidrelétrica de Itaipu aos consumidores, prevista para julho, levaram Romão a projetar uma ligeira deflação para o IPCA de julho. Mas o rebote do benefício, se realmente concedido, pressionaria o índice de agosto.
Previsão de 5,3% em 2025
Considerando esses elementos, agosto marcaria o pico da inflação em 2025, tanto na variação mensal quanto no acumulado em 12 meses. A previsão de Fábio Romão é de uma alta de 0,7% no mês, levando a um aumento de 5,6% em 12 meses.
Nos meses seguintes, a inflação voltaria ao padrão de altas mensais inferiores a 0,4%. Com isso, os acumulados em 12 meses recuariam, mês a mês, até fechar 2025 no nível de 5,3% — acima do teto do intervalo de tolerância, que é de 4,5%.
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