Desemprego tem recorde de baixa, mas ainda deve descer mais até fim de 2025
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O desemprego bateu nas mínimas, no trimestre encerrado em maio, recorde histórico de baixa para o mês, conforme divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (27). Mas esse recorde deve ser superado ao longo dos próximos meses, com o mercado de trabalho registrando taxas de desocupação ainda menores do que os 6,2% do mês passado.
De acordo com projeções do economista Bruno Imaizumi, especialista em mercado de trabalho da LCA 4intelligence, o desemprego deve ficar abaixo de 6% nos próximos meses, taxa que já deve ser atingida no trimestre findo em junho. Na média de 2025, a desocupação seria de 6,4% da força de trabalho, fechando o ano com desemprego de 5,9%, o mais baixo da série histórica.
Impulsos ganham dos juros altos
Apesar da taxas de juros muito altas, pressionando negativamente a atividade econômica, os impulsos para manter os negócios aquecidos, favorecendo a absorção de mão de obra, estão se mostrando mais fortes.
Além dos gastos com programas sociais, e a manutenção de ganhos reais para o salário mínimo, que alimentam déficits nas contas públicas, mas injetam dinheiro que movimenta a economia, outros estímulos operam em favor da redução do desemprego.
Os R$ 70 bilhões em precatórios, adiados de fevereiro e agora previstos para pagamento em julho ajudarão a manter o mercado aquecido, nos próximos meses. Isso sem falar na ampliação do crédito, com linhas como a do consignado para todos os trabalhadores com carteira, e os programas oficias do BNDES, entre outros. Em fins de maio, por exemplo, foram anunciados incrementos de R$ 40 bilhões, nos recursos destinados pelo banco público de fomento à NIB (Nova Indústria Brasil), que agora somam R$ 300 bilhões.
Mais qualidade no emprego
A redução do desemprego se explica pela expansão da população ocupada, mesmo com ampliação da força de trabalho. Por trás desse fenômeno também está um fator demográfico, representado pela expansão da população em idade ativa, acima de 14 anos.
Não são apenas as estatísticas de absorção de mão de obra que estão mostrando um mercado de trabalho "resiliente", como se acostumaram a classificar os analistas de mercado. A qualidade do emprego também tem apontado avanços.
A ocupação de postos de trabalho tem se dado com mais dinamismo no mercado formal. No trimestre encerrado em maio, foram abertas quase um milhão de novas vagas e destas mais de 90% no mercado com carteira assinada, outro recorde histórico.
Agora, quase dois terços da força de trabalho é de trabalhadores formais. Com a expansão do emprego formal, os informais recuaram para 37,8% da força de trabalho, numa total inferior a 40 milhões de trabalhadores.
Está ocorrendo também uma redução na mão de obra subutilizada, que inclui os que trabalham menos tempo do que gostariam e poderiam e os desalentados — aqueles que desistiram de procurar uma ocupação. Esse conjunto ainda representa quase 15% da força de trabalho, mas vem caindo, consistentemente, nos últimos anos.
Prova de que o mercado de trabalho vive um bom momento é a redução no grupo dos desalentados. No trimestre findo em maio, esse grupo somava pouco menos de três milhões de pessoas. Trata-se de um recuo de 10%, em relação ao trimestre dezembro 2024 a fevereiro de 2025, e de 13%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Cinco milhões não retornaram
No período que vai de marco a maio, houve também avanço na taxa de participação. Este indicador relaciona a força de trabalho com a população em idade de trabalhar e subiu para 62,4% em maio. A taxa tem se recuperado desde a grande queda provocada pela pandemia, mas ainda não retornou à média do período de 2012 a 2019, anterior à pandemia, que era de 63%.
Se a taxa de participação fosse a histórica, o desemprego representaria 7,7% da força de trabalho. A diferença se deve ao fato de que do contingente que saiu da população ativa na pandemia quase 5 milhões de pessoas não retornaram ao mercado.
Com números fortes de ocupação, e destaque para a ampliação do mercado formal, no qual a remuneração tende a ser melhor, o aumento na massa salarial é uma consequência natural, ainda mais que o rendimento médio real também cresceu, com a ajuda de um número significativo de reajustes acima da inflação. A massa salarial alcançou, em maio, o recorde de R$ 350 bilhões.
A perspectiva de uma freada na economia, a partir do segundo semestre, puxada pela política de juros, terá como contraponto a resistência do mercado de trabalho. Com reajustes salariais acima da inflação e massa de salários em alta, o consumo pode perder ritmo ao longo da segunda metade do ano, mas ainda deverá ser positivo em 2025.
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